Nossas Entrevistas
Radiologia
Tema: Endometriose
Por Dr. Bruno Dantas Santana
(071) 37... Ver mais >
- (071) 3797-8500
- Av. Antonio Carlos Magalhães, Edf. Pituba Parque Center, 1034 salas 230/239 Ala A, Itaigara, Salvador – Ba
- Outros contatos e endereços
Olga Goulart: O diagnóstico da endometriose, condição em que a mucosa que reveste a parede interna do útero chamada de endométrio cresce em outras regiões do corpo, representa uma das maiores dificuldades na prática médica devido às manifestações inespecíficas da doença e também às dificuldades para detectá-la no exame físico e ginecológico. Nesse sentido, exames de imagem como a ultrassonografia transvaginal ou pélvica e a ressonância magnética da pelve têm também muita importância no mapeamento da doença. E pra explicar melhor essa questão, hoje conversamos com o Dr. Bruno Dantas Santana, que é especialista em radiologia e diagnóstico por imagem.
Viva Mais Viva Melhor: Doutor, algumas pesquisas mostram que na maioria dos pacientes há um intervalo de sete a nove anos entre o início dos sintomas e a descoberta da endometriose. Por que que o diagnóstico dessa doença costuma ser tão demorado? Nós podemos afirmar que se trata de um diagnóstico difícil?
Dr. Bruno Dantas Santana: Bem, o diagnóstico realmente não é fácil, mas não é impossível de ser feito, né? A gente sabe que a endometriose é uma síndrome dolorosa crônica, que atinge cerca de 176 milhões de mulheres no mundo e, como é algo muito prevalente, os médicos e ginecologistas que prestam assistência a essas pacientes devem suspeitar do diagnóstico da endometriose. Sempre que mulheres em idade fértil nos procuram com queixa de dor pélvica, infertilidade e também com alguma alteração palpável na região pélvica, este diagnóstico deve ser sempre suspeitado e a partir dessa suspeição deve-se fazer uma anamnese muito detalhada, um exame físico bem feito, e também lançar mão de exames complementares, como a ultrassonografia transvaginal, com ou sem preparo intestinal, e a ressonância magnética para auxiliar no diagnóstico preciso dessa condição.
Viva Mais Viva Melhor: Doutor, a investigação da endometriose geralmente começa com essa ultrassonografia transvaginal e com preparo intestinal? Qual que é a importância desse exame? E gostaria também de tirar uma dúvida sobre a condição da laparoscopia, se ela é utilizada também para diagnóstico e tratamento do problema.
Dr. Bruno Dantas Santana: Bem, como eu falei, o diagnóstico inicia-se já na suspeição clínica junto com o exame físico. Quando lançamos mão dos exames complementares, podemos usar sim tanto a ultrassonografia transvaginal com preparo intestinal quanto a ressonância magnética. Em caso de diagnóstico mais difícil e inconclusivo nos demais exames, podemos também lançar mão da videolaparoscopia para investigação de foco de endometriose. Este último pode ser utilizado também já como medida de tratamento definitivo para essas pacientes, em casos onde pode ser feita a remoção de um desses focos de endometriose, sejam eles no útero, nos ovários, no intestino, trato urinário, já no próprio momento da laparoscopia.
Viva Mais Viva Melhor: Doutor, como deve ser o preparo para a ultrassonografia transvaginal voltada pra investigação da endometriose e como é realizado esse exame?
Dr. Bruno Dantas Santana: Bem, esse é um exame que vem sendo muito utilizado nos últimos anos. O preparo não é nada tão complexo. A gente orienta que a paciente inicie 24 horas antes do exame uma dieta pobre em resíduos, uma dieta mais branda. Orientamos também que seja usado o comprimido de laxante por via oral na intenção de limpar o intestino, reduzir a quantidade de conteúdo fecal no intestino. Este exame de ultrassonografia com preparo intestinal para pesquisa de endometriose é realizado pela via abdominal e também pela via transvaginal. Um exame que a gente consegue avaliar com muitos detalhes tanto a parte do sistema urinário quanto a parte intestinal e também as estruturas da pelve, principalmente o útero, os anexos embrionários e os ovários. Também avaliamos as regiões retrocervical e o septo reto vaginal. Todos estes são locais mandatórios na nossa rotina de avaliação, pois são os locais onde mais frequentemente encontramos os implantes de endometriose.
Viva Mais Viva Melhor: Doutor, a paciente pode sentir dor durante o exame de ultrassonografia transvaginal com preparo intestinal para investigação da endometriose?
Dr. Bruno Dantas Santana: Sim, a paciente pode sentir dor, mas é uma dor leve, nada de intensidade muito forte, é uma dor tolerável. O exame não costuma demorar um tempo prolongado e sim, pode sentir dor, mas é uma dor tolerável.
Viva Mais Viva Melhor: O ultrassonografista pode compartilhar informações sobre as imagens da ultrassonografia transvaginal no momento do exame ou só o médico solicitante pode falar sobre esse resultado com a paciente no momento da consulta de retorno?
Dr. Bruno Dantas Santana: Sim, podemos sim. Eu costumo falar paras as minhas pacientes que a ultrassonografia com preparo intestinal para pesquisa da endometriose vai muito além de um simples exame, como se fosse uma consulta onde a gente antes de iniciar o exame já faz uma série de perguntas para a paciente, procede com alguns exames físicos, tudo isso na tentativa de tonar a nossa avaliação mais rica, mais sensível. E sim, durante o exame, à medida que vamos visualizando achados positivos ou até mesmo a ausência de achados, podemos comunicar com o paciente. É claro que no laudo definitivo que nós emitimos vão informações muito mais detalhadas, muito mais precisas e esse sim vai ser o documento recebido pelo médico solicitante para, aí sim, ele tomar conduta em relação à patologia da paciente.
Viva Mais Viva Melhor: Em que situações a ressonância magnética da pelve costuma ser solicitada pra investigação da endometriose? Qual que é a importância desse exame e o que ele revela que a ultrassom não consegue mostrar?
Dr. Bruno Dantas Santana: A ressonância magnética é um método de imagem que nos oferece uma resolução um pouco superior à ultrassonografia. A gente consegue adquirir imagens da pelve em múltiplos planos, conseguindo com isso uma avaliação mais detalhada das estruturas da pelve. Uma avaliação mais detalhada de pequenos focos que, porventura, não foram visualizados, por exemplo, em uma ultrassonografia transvaginal com tratado intestinal e eu diria que é um exame de extrema importância na avaliação da endometriose a ressonância magnética da pelve.
Viva Mais Viva Melhor: Como é feito o preparo pra ressonância magnética da pelve, doutor? E como é feito esse exame?
Dr. Bruno Dantas Santana: O preparo para a ressonância magnética da pelve, ele é feito também com o uso de laxante por via oral no dia anterior ao exame. É orientado também que a paciente proceda uma dieta pobre em resíduos, uma alimentação mais branda, e no dia do exame a gente solicita que a paciente faça um jejum de aproximadamente seis horas. E no momento da realização do exame é introduzido uma pequena quantidade de gel por via vaginal, cerca de 40ml, e também é administrado por via venosa Buscopam, na tentativa de reduzir a peristalse intestinal e também minimizar os efeitos artefatuais que possam acontecer no exame.
Viva Mais Viva Melhor: Dr. Bruno, em quanto tempo o paciente pode ter acesso ao resultado da ressonância magnética da pelve?
Dr. Bruno Dantas Santana: Normalmente, a gente solicita um prazo de 48 horas para emissão do laudo definitivo da ressonância magnética da pelve.
Viva Mais Viva Melhor: Além de ser utilizada durante a investigação da doença, a ressonância magnética da pelve costuma ser solicitada após cirurgias de tratamento da endometriose? Se sim doutor, com que objetivo?
Dr. Bruno Dantas Santana: Sim. A ressonância magnética da pelve, como eu falei anteriormente, é um método muito sensível para detecção de lesões. Então, é importante que a gente lance mão desse exame para avaliação pós-operatória ou pós-tratamento clínico também na intenção de visualizar regressão do foco e também sempre na intenção de pesquisa de novos focos que porventura possam surgir no decorrer da vida reprodutiva da paciente.
Viva Mais Viva Melhor: Doutor, nós temos uma dúvida aqui de uma internauta, na verdade um comentário, que é o seguinte: Doutor, em alguns casos, durante a investigação diagnóstica da endometriose, alguns médicos solicitam exames complementares como a uroressonância ou a eco endoscopia retal. A dúvida é a seguinte: Por que algumas pacientes recebem prescrição desses outros exames e outras não? Qual a importância desses exames complementares?
Dr. Bruno Dantas Santana: Esses exames vêm, na verdade, para trazer mais informações nos casos de endometriose que acometem o aparelho urinário, seja a bexiga ou ureteres e também em alguns casos de endometriose que acometem o intestino. Com esses exames, a uroressonância e a endoscopia anal, a gente consegue ter uma avaliação mais detalhada desse sistema.
Viva Mais Viva Melhor: Dr. Bruno, desses exames tal quais nos referimos anteriormente, qual o mais habitual? Qual é o que costuma ser realizado com maior frequência? E eu gostaria que o senhor deixasse algumas dicas práticas relacionadas à realização desses exames que possam ajudar os nossos internautas no entendimento melhor.
Dr. Bruno Dantas Santana: Certo, eu acho que de tudo que a gente falou, a ultrassonografia transvaginal e a ressonância magnética são os mais comumente utilizados. É comum nós vermos esse tipo de exame na nossa prática diária e eu queria dizer para as pacientes, deixar como dica para as pacientes que estejam com dificuldade para engravidar, com infertilidade, procurar o médico, geralmente o ginecologista, expor para o profissional esse tipo de problema e aí sim procurar uma clínica de imagem, um hospital pra realização desses exames complementares. Eu diria que a ressonância magnética e a ultrassonografia são exames que são muito interessantes nesse processo de diagnóstico da endometriose, que é algo tão difícil, mas eu acho que esses exames auxiliam bastante nesse diagnóstico.
Viva Mais Viva Melhor: Ok, conversamos com o Dr. Bruno Dantas Santana, especialista em radiologia e diagnóstico por imagem. Doutor, muito obrigado e até a próxima.