Nossas Entrevistas

Gestão em Saúde da Família e Sanitarista

Tema: Vacinação de cães e gatos

Por Enf. Andrea Simões

Olga Goulart – Com a relação cada vez mais próxima entre as pessoas e seus animais de estimação, as chances de transmissão de zoonoses aumentam ainda mais. A principal delas, a raiva, apesar do baixo número de casos registrados, continua merecendo atenção. Incurável e fatal em 100% dos casos, a doença também pode afetar os seres humanos e a única maneira de prevenir contra a raiva é através da vacinação animal que é gratuita e deve ser aplicada anualmente. Para conversar conosco sobre este assunto e tirar as dúvidas mais frequentes, quem conversa conosco hoje é a enfermeira Andrea Simões da Prefeitura Municipal de Valente. 

Andrea, vamos explicar inicialmente o quê que é a raiva e como ela é transmitida para os seres humanos.

Andrea Simões – Bom dia a todos, A raiva é uma doença viral, transmitida por vírus do animal para o humano. Ela atinge o sistema venoso central causando encefalite e daí acaba lesando os nervos, paralisando-o, levando ao coma e à morte. Então ela é praticamente 100% letal.

Olga Goulart – Caso um humano seja mordido por um animal, o quê que ele deve fazer, Andrea?

Andrea Simões – Deve haver um atendimento antirrábico. Neste atendimento a gente avalia o tipo da lesão e o tipo do animal para a gente determinar quantas doses da vacina antirrábica ele deve usar e se deve usar também soro ou se nada disso, se apenas a gente observa o animal. Então a pessoa deve procurar o hospital, a depender da gravidade da lesão, ou provavelmente o Centro de Saúde do Município, os postos de saúde ou a unidade de saúde da família. Lá essa pessoa vai ser avaliada e daí institui-se o tratamento, tudo isso para a gente prevenir a raiva.

Olga Goulart – As campanhas de vacinação focam apenas em cães e gatos, apenas estes animais transmitem a raiva?

Andrea Simões – Não, os mamíferos geralmente transmitem a raiva. Por que cães e gatos? Porque eles estão mais próximos da gente, eles são domésticos. Então, estão mais próximos e através da intimidade que existe entre o dono e o animal pode haver uma lesão e um contato indireto e o contato de uma lambedura, este tipo de contato que é mais íntimo. Mas outros animais como micos, raposa, estes animais também podem. Só que, assim, estes animais podem transmitir para o animal doméstico e este animal doméstico acabar transmitindo para o seu dono, por isso que a gente institui nos domésticos.

Olga Goulart – E o objetivo das campanhas de vacinação, Andrea, qual que é o objetivo? Por que que elas acontecem todos os anos?

Andrea Simões – Para a gente continuar eliminando os casos de raiva humana na Bahia e no Brasil. Porque indiretamente se a gente está prevenindo a raiva nos animais, nós estamos prevenindo no humano, porque uma vez o humano adquirindo, se ele não faz aquela profilaxia que a gente conversou há pouco, o atendimento de usar a vacina e o soro é letal. Então a nossa preocupação é por ser uma doença gravíssima e desta forma a gente precisa evitar, prevenir e não tratar. O intuito principal da vacina é esse. Eliminar também a circulação do vírus no ambiente, naquele local.

Olga Goulart – Mesmo as campanhas sendo determinadas por um período específico, como que a população pode se informar sobre os locais de aplicação da vacina em outras situações que não necessariamente dentro de uma campanha?

Andrea Simões – O centro de saúde, o principal Centro da cidade que é em frente ao Fórum. Lá a gente determina um dia por semana para continuar a vacinação, a gente só não faz quando estiver em falta, mas quando o Município recebe do Estado a gente institui uma vez por semana e daí a gente continua vacinando estes animais que nascem após a campanha, mas não dando certo e não tendo a vacina a gente faz uma vez ao ano e isso é garantido. Para as pessoas também não se preocuparem, porque de certa forma só toma uma dose.

Olga Goulart – Qual que é a meta de vacinação durante as campanhas, quantos animais aproximadamente são vacinados?

Andrea Simões – Mais de 4 mil animais, cães 4 mil e gatos 900. Nossa meta é vacinar 80% destes animais e geralmente a gente atinge.

Olga Goulart – É preciso algum cuidado antes de vacinar o animal de estimação?

Andrea Simões – Sim, é bom a gente saber se a cadela está prenha, porque se estiver é importante a gente vacinar com cuidado, ter mais cuidado e ver o período, se estiver muito próximo de parir a gente deixa mais uns dias, mas não é contraindicado, não tem contraindicação, é só mesmo a gente ter aquele cuidado porque a cadela está prenha.

Olga Goulart – Em situações em que o animal apresente um quadro de febre, diarreia, infecções, vermes, pulgas, carrapatos, pode ser vacinado ou precisa ser tratado antes dessa aplicação da vacina? Cadelas prenhas, como você acabou de citar, podem tomar a vacina, portanto?

Andrea Simões – Não tem contraindicação, não. A gente faz assim mesmo, não tem aquela necessidade de primeiro pedir para tratar não, a gente faz assim mesmo. Claro que se a pessoa souber que vai ter a campanha e puder fazer isso antes ótimo, um animal saudável tem menos risco de ter alguma reação, mas não tem essa contraindicação, podemos fazer.

Olga Goulart – A vacina pode ter efeitos colaterais, caso o animal tenha alguma reação à vacina o que o dono deve fazer?

Andrea Simões – Geralmente o índice de reação é baixíssimo, no ano retrasado não tivemos nenhum relato de reação adversa, mas caso tenha o dono do animal deve procurar a Vigilância da Secretaria de Saúde que a gente encaminha para o veterinário para ele avaliar.

Olga Goulart – A vacina antirrábica pode ser aplicada em qualquer momento da vida do animal? Quando é necessário de revacinar?

Andrea Simões – A partir de 3 meses. Ao ser vacinado pela primeira vez, deve ter uma revacinação com 30 dias, depois disso só uma por ano.

Olga Goulart – Fora dos períodos de campanha, a vacina contra a raiva pode ser encontrada gratuitamente?

Andrea Simões – Sim, pode ser encontrada gratuitamente no Centro de Saúde aqui de Valente uma vez por semana.

Olga Goulart – Bom, se o pet não tiver registro dessa vacina, não se recorde a data em que o animal tomou a vacina, há riscos em repetir as doses antes dos prazos estipulados? Qual que é a importância de manter um cartão de vacinação atualizado, Andrea?

Andrea Simões – É importante porque antes de 1 mês a gente contraindica porque fica muito próximo já que o animal cria seus anticorpos até 21 dias, após 21 dias ele fica imune. Se aplicar antes disso a gente estará dando uma superdosagem, mas após 1 mês não há contraindicação, a gente pode revacinar.

Olga Goulart – Ok, Andrea. Para finalizar, onde é que a população pode encontrar mais informações sobre a doença nos períodos fora da campanha?

Andrea Simões – Podem procurar aqui na secretaria de saúde a vigilância epidemiológica, que eu que sou a responsável e pode procurar o Centro de Saúde: as pessoas que vacinam os animais, também podem procurar aqueles que poderão dar alguma informação.

Olga Goulart – Ok. Conversamos com a enfermeira Andrea Simões da Prefeitura Municipal de Valente. Andrea, muito obrigada e até a próxima.