Nossas Entrevistas

Radiologia

Tema: Ressonância Magnética

Por Dr. José Luiz Ferreira

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Olga Goulart – Ressonância magnética é hoje um exame amplamente utilizado por médicos, é um método muito sofisticado e dos mais completos disponíveis. Isso porque é capaz de obter informações detalhadas através de imagens em alta definição de qualquer órgão ou tecido interno do corpo em qualquer ângulo utilizando ondas de radiofrequência.

Para esclarecer as dúvidas mais frequentes, como para que serve e como funciona o exame de ressonância magnética, nós convidamos o doutor José Luiz Ferreira, ele é especialista em radiologia e é quem vai tirar as nossas dúvidas.

Doutor, primeiramente como é que funciona um aparelho de ressonância magnética e para o que serve este exame?

Dr. José Luiz Nunes Ferreira – De uma forma simplificada, o equipamento de ressonância magnética é um ima gigante. Uma vez o paciente dentro do ima, o campo magnético alinha os átomos de hidrogênio do corpo do paciente, é então aplicado um estímulo com impulso de radiofrequência que provoca uma resposta que é o sinal da ressonância magnética então transformado em imagens do organismo do paciente. Como resultado, obtemos imagens anatômicas do corpo humano, na maioria das vezes superior à dos outros métodos de imagem, permitindo diagnósticos mais precisos de uma maneira não invasiva.

Olga Goulart – E qual a diferença, doutor José Luiz, da tomografia computadorizada para a ressonância magnética?

Dr. José Luiz Nunes Ferreira – Os dois métodos têm como objetivo obter imagens do corpo humano. A tomografia computadorizada utiliza radiação ionizante, que deve ser evitada na medida do possível e o exame mais rápido é excelente para avaliação dos pulmões e face. A ressonância magnética não utiliza radiação, que é uma grande vantagem. É um exame um pouco mais demorado, as imagens obtidas têm uma maior diferença entre os tecidos do corpo, resultando em imagens anatômicas de alta definição.

Olga Goulart – E quando que a ressonância, doutor, ela é mais indicada, quais as partes do corpo que são melhor estudadas, digamos assim, através deste exame?

Dr. José Luiz Nunes Ferreira – As aplicações são inúmeras. As mais usadas são estudos das doenças do cérebro, coluna e articulações, como joelho e ombro. É também aplicada para avaliação de patologias abdominais como doenças do fígado, vias biliares, útero, ovário e outras mais.

Olga Goulart – O paciente pode sentir algum desconforto ou alguma dor durante a realização deste exame?

Dr. José Luiz Nunes Ferreira – Não! O exame não é doloroso. É um pouco ruidoso, barulhento, que pode ser minimizado com uso de protetores auriculares.

Olga Goulart – Certo. Agora quem tem metais no corpo, como por exemplo aparelho nos dentes, pinos na perna ou mesmo marcapasso, pode realizar este exame? Quais seriam as suas principais contraindicações?

Dr. José Luiz Nunes Ferreira – O potente campo magnético causa interferências em equipamentos eletrônicos e atrai estruturas ferromagnéticas. Alguns dispositivos médicos como marcapasso, clips de aneurismas intracranianos ferromagnéticos e implantes cocleares impossibilitam e contraindicam a realização da ressonância magnética. Fragmentos metálicos no crânio, em particular nas órbitas, também contraindicam o exame. Aparelhos ortodônticos e materiais metálicos cirúrgicos ortopédicos em geral não impossibilitam o exame, mas se a região estudada for próxima a estes, os mesmos podem causar artefatos que poderão prejudicar as imagens. Cada caso é um caso, é muito importante a entrevista antes do exame.

Olga Goulart – Certo. Quanto tempo mais ou menos leva o exame de ressonância? E há também uma indicação de que o paciente deva ficar imóvel, não é doutor?

Dr. José Luiz Nunes Ferreira – O tempo de duração do exame varia de acordo com a região do corpo e com a patologia a ser estudada, a maioria dos exames demora cerca de 20 a 30 minutos. Durante o exame são realizadas várias sequências para aquisição das imagens, sendo importante o paciente não se mexer, pois, como em uma fotografia,m  as imagens podem ficar distorcidas.

Olga Goulart – Alguns exames de imagem, doutor, são realizados com a aplicação inclusive do contraste venoso, para que serve esta substância? O paciente pode ter algum tipo de reação?

Dr. José Luiz Nunes Ferreira – O contraste venoso é uma ferramenta muito importante em determinadas condições clínicas, principalmente no crânio e abdome, aumentando a sensibilidade do método e melhor caracterização das lesões, permitindo um diagnóstico mais preciso, fornecendo informações importantes para o médico que solicitou o exame e assim ele poder oferecer um tratamento mais adequado aos seus pacientes.

Olga Goulart – O procedimento tem algum tipo de risco, doutor?

Dr. José Luiz Nunes Ferreira – Excluídas as contraindicações já relatadas anteriormente, o exame sem contraste não apresenta qualquer risco. Quando o contraste se faz necessário, há um risco de reação adversa como a de qualquer outro medicamento. O contraste da ressonância é considerado seguro, com menor índice de complicações do que o contraste utilizado em tomografia computadorizada, esta é outra vantagem da ressonância em comparação com a tomografia.

Olga Goulart – Doutor, qual que é a importância de se levar o exame anterior no dia da realização de um procedimento de ressonância?

Dr. José Luiz Nunes Ferreira – É muito importante que o paciente leve os exames anteriores, principalmente pacientes oncológicos ou portadores de doenças crônicas, submetidos a terapêutica específica e seu médico quer saber como ele está reagindo, se deve continuar o tratamento, suspendê-lo ou modificá-lo. A comparação do exame atual com o exame anterior facilitará a conclusão. Quando o exame de controle é realizado na mesma instituição, geralmente o exame anterior já está neste local em algum artigo eletrônico, mas se for realizado em instituição diferente, é recomendado que o paciente leve os exames anteriores para fazer essa comparação.

Olga Goulart – Em quanto tempo o paciente recebe o resultado de um exame de ressonância? É demorado?

Dr. José Luiz Nunes Ferreira – O prazo varia entre os serviços. Como a ressonância magnética é um exame de maior complexidade diagnóstica, em geral o resultado demora cerca de 3 dias.

Olga Goulart – Doutor, agora para finalizar, a ressonância magnética é um procedimento muito caro? Há cobertura de planos de saúde, é possível realizar este exame pelo sistema único de saúde?

Dr. José Luiz Nunes Ferreira – Já foi muito caro. Atualmente, considerando toda a tecnologia empregada e os benefícios trazidos aos pacientes, é relativamente barato. Hoje em dia, algumas especialidades médicas como neurologia, ortopedia e oncologia são fortemente dependentes dos exames de ressonância magnética para avaliação correta das patologias envolvidas. Graças aos avanços em informática, hoje o método é amplamente disponível, presente em todos os grandes hospitais e serviços de imagem em nosso estado, sendo coberto pelos planos de saúde e pelo SUS, apesar do acesso por essa última via ser bastante demorada.

Olga Goulart – É verdade. Bom, nós conversamos com o médico especialista em radiologia, o doutor José Luiz Ferreira. Doutor, muitíssimo obrigada e até a próxima oportunidade aqui no Portal Viva Mais Viva Melhor.