Nossas Entrevistas
Ortopedia e Traumatologia
Tema: Tendinite de Quadril
Por Dr. Alexandre Meireles
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Viva Mais Viva Melhor – Quem nunca ouviu falar em tendinite? Ela pode acontecer em qualquer pessoa, desde as que trabalham sentadas em frente a um computador e até os esportistas. Mas hoje nós iremos dar destaque a tendinite no quadril, que afeta, principalmente, atletas que praticam atividades físicas que envolvam o uso excessivo das pernas, como corrida, ciclismo, futebol. Porém, também pode ocorrer em idosos devido ao desgaste progressivo da articulação no quadril. Para falar um pouco melhor sobre o assunto, convidamos o doutor Alexandre Meireles, ortopedista e traumatologista, especialista em quadril.
Doutor, explica para os nossos ouvintes o que é a tendinite e como é que ela se desenvolve?
Dr. Alexandre Meireles – Para a gente entender a tendinite a gente tem que entender a estrutura tendão, que é o que liga a musculatura ao osso. A tendinite nada mais é do que a inflamação do tendão. Ela se desenvolve através do excesso de uso ou agudamente em tendões saudáveis ou progressivamente em tendões degenerados.
Viva Mais Viva Melhor – Doutor, existe um lugar mais comum para que essa tendinite apareça? Quais as partes do corpo que podem ser atingidas pela patologia.
Dr. Alexandre Meireles – O tendão sempre está ligando a musculatura ao osso e isso ocorre geralmente nas extremidades, perto das articulações e essas partes do corpo seriam realmente as articulações dos membros superiores e inferiores, punho, cotovelo, ombro, quadril, joelho e tornozelo, basicamente.
Viva Mais Viva Melhor – E o que causa tendinite? Por que o tendão inflama?
Dr. Alexandre Meireles – O tendão quando sobrecarregado numa forma aguda por um excesso de esforço em atividades físicas, ele cria uma situação de inflamação, causando todos estes sinais clínicos e um tendão degenerado, ou seja, que ao longo do tempo sofreu microtraumas e degenerou, desgastou, esta situação acontece progressivamente com os sintomas clínicos de dor e limitação acontecendo à medida que vai passando o tempo e não há nenhum tratamento.
Viva Mais Viva Melhor – E quais são os sintomas da tendinite? Eles são as mesmas em qualquer parte do corpo?
Dr. Alexandre Meireles – A tendinite é insidiosa nos tendões degenerados e ocorre com dor e limitação funcional da articulação progressivamente ou uma dor súbita, associada também a uma limitação funcional em situações de estresse agudo em relação a atividades físicas. Elas não são as mesmas em qualquer parte do corpo, por exemplo na região do quadril ela ocorre numa situação de dor na região da cintura com irradiação para o membro inferior, causando uma limitação progressiva da marcha, o paciente geralmente tem uma dificuldade em caminhar, tem uma dor lateral na região da perna que começa no quadril. A depender da região do corpo ela tem a sua sintomatologia específica.
Viva Mais Viva Melhor – A tendinite pode estar associada a outras doenças, doutor Alexandre?
Dr. Alexandre Meireles – A tendinite sempre tem uma associação ou prevalência associativa com doença na coluna, discrepância do membro inferior, diferença de tamanho dos membros inferiores em comprimento, a doença reumatoide, infecção, gota, a fibromialgia que é muito falada, a obesidade, a artrose dos quadris e a inflamação de tendões adjacentes ao quadril, por exemplo, como joelhos e tornozelos podem causar também a tendinite.
Viva Mais Viva Melhor – Quem é que está mais propenso a desenvolver a tendinite do quadril?
Dr. Alexandre Meireles – Geralmente a tendinite do quadril acontece na mulher de meia idade, associada a fatores hormonais e anatômicos. O quadril da mulher tem uma tendência a alargar com o passar do tempo e isso numa situação de uma tendinite progressiva. Na tendinite aguda ela é mais associada aos atletas em relação ao gênero masculino ou feminino, mas na situação de atletas de grande performance.
Viva Mais Viva Melhor – E como se diagnostica a tendinite do quadril, doutor? Quais são os exames que melhor detectam o problema?
Dr. Alexandre Meireles – Nos sinais e sintomas sinalizados tem que se procurar o atendimento médico do ortopedista especialista de quadril, avaliação clínica da história e o exame físico bem feito por este especialista, a ressonância magnética e a radiografia simples do quadril e da bacia são realmente o padrão ouro para definir um diagnóstico bem feito em relação a tendinite do quadril.
Viva Mais Viva Melhor – A tendinite do quadril tem cura?
Dr. Alexandre Meireles – A tendinite do quadril, quando detectada precocemente, possui um tratamento mais efetivo a curto prazo e a longo prazo a gente consegue definir a melhora dos sintomas, com o tratamento adequado.
Viva Mais Viva Melhor – E as opções em termos de tratamento, quais são para a tendinite do quadril?
Dr. Alexandre Meireles – Em primeiro lugar é tirar estresse, proteger a articulação de sobrecarga. A medida que chega numa fase aguda a gente tira os sintomas através de uma forma mais rápida através de medicações anti-inflamatórias e analgésicas, progredindo com a fisioterapia inicialmente numa situação analgésica, progredindo mais ainda nessa reabilitação numa situação de reforço da musculatura, alongamento da musculatura do quadril para criar uma situação de uma estabilidade articular e a remissão dos sintomas e progressivamente reestabelecendo os pacientes às suas atividades habituais.
Viva Mais Viva Melhor – E quando é necessário fazer o tratamento cirúrgico, por exemplo?
Dr. Alexandre Meireles – O tratamento cirúrgico é um tratamento de exceção. Numa média de 1 a 2% dos pacientes que não melhoram com o tratamento que nós chamamos de conservador, analgesia habitual e fisioterapia, este paciente tem que se encaixar no ambiente cirúrgico à medida que a qualidade de vida dele esteja realmente alterada por uma situação em que o tratamento não teve êxito. Mas ressaltamos, a cirurgia nestes casos são cirurgias de exceção.
Viva Mais Viva Melhor – Pelo que você explicou anteriormente, o paciente com a tendinite do quadril deve realizar atividade física bem acompanhado?
Dr. Alexandre Meireles – Sim. A ideia, na verdade, é sempre a remissão dos sintomas de dor principalmente para o paciente progressivamente voltar às suas atividades habituais e se esse paciente é um paciente sedentário promover e incentivar a introdução da atividade física como situação de rotina e se esse paciente for uma atleta habituado a atividade física precisa reestabelecer mais precoce possível.
Viva Mais Viva Melhor – E caso não tratado, doutor, a tendinite do quadril pode levar a algum tipo de sequela?
Dr. Alexandre Meireles – Sim. O não tratamento ou a não referência desse diagnóstico leva ao paciente a progressivamente ter uma alteração de marcha, dor, dificuldade em mínimos esforços no quadril, como cruzar a perna, o paciente não consegue dormir ou deitar de lado, ou seja, com a pressão em cima do quadril. Cria situações de limitação e mudanças na qualidade de vida quando não tratada.
Viva Mais Viva Melhor – E tem como evitar? Existe prevenção para este problema, para a tendinite do quadril?
Dr. Alexandre Meireles – Sim. A prevenção da tendinite do quadril de forma geral cria através de ter os hábitos saudáveis, atividade física, alimentação, atitudes de sempre estar assíduo ao calendário médico. No caso das mulheres, o ginecológico, a parte da clínica médica e cardiologia. O reforço da musculatura do quadril é uma situação que sempre vai ser preventiva e evitar essa situação clínica de dor e limitação funcional do quadril. Uma vida saudável e atividade física seriam os basais para uma situação de prevenção.
Viva Mais Viva Melhor – Para finalizar, doutor, é possível realizar o tratamento da tendinite do quadril pelo Sistema Único de Saúde (SUS) ou mesmo através dos convênios?
Dr. Alexandre Meireles – Na clínica pública nós temos centros de referência, o Hospital das Obras Sociais de Irmã Dulce, temos lá um ambulatório de ortopedia com especialidade do quadril e temos todo o encaminhamento para a reabilitação e fisioterapia dessa entidade que é tendinite do quadril. Na nossa clínica privada a gente faz todo esse caminho de atendimento de acordo com os sinais clínicos e diagnóstico e encaminhamento para a fisioterapia lá na UORT, onde nós nos situamos no Edifício Tomé de Souza.
Viva Mais Viva Melhor – Ok. Conversamos com o doutor Alexandre Meireles, ortopedista e traumatologista especialista em quadril. Doutor, muito obrigada pelos esclarecimentos e até a próxima.