Nossas Entrevistas

Cirurgia Oncológica

Tema: Câncer de Fígado

Por Dr. Alexandre Albuquerque

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Viva Mais Viva Melhor – Apesar de não estar entre as patologias mais prevalentes, o câncer de fígado também exige cuidados. Segundo o INCA (Instituto Nacional do Câncer) os tumores malignos do fígado podem ser divididos em dois tipos. O primário, que tem a sua origem no próprio órgão. E o secundário, ou metastático, originado em outro órgão e que atinge também o fígado. Esse tipo de tumor pode ter cura quando a doença é diagnosticada precocemente. Porém, a indicação do tratamento vai depender do estado do tumor, se é avançado ou não, e o estado de saúde geral do indivíduo também. Para esclarecer as dúvidas a respeito deste assunto, quem conversa conosco hoje é o doutor Alexandre Albuquerque, especialista em cirurgia oncológica.

Doutor, o que é o câncer de fígado e como é que ele se desenvolver?
Dr. Alexandre Albuquerque – Primeiro a gente precisa esclarecer que quando falamos de câncer de fígado falamos de dois tipos fundamentalmente diferentes. O tumor primário, que é o câncer que se origina das células do fígado e o tumor metastático, que é o câncer que se originou em um outro órgão, por exemplo o intestino, estômago ou esôfago e que migrou células tumorais para o fígado e aí se depositaram causando o que a gente chama de metástase. Vamos abordar mais o câncer primário do fígado, que na grande maioria das vezes é o hepatocarcinoma. Com relação a como ele se desenvolve, o câncer do fígado normalmente decorre de uma doença crônica do fígado. Como por exemplo a cirrose hepática que pode ser causada por hepatites crônicas, como hepatite B e C e também pela cirrose hepática de etiologia alcoólica.

Viva Mais Viva Melhor – Existe alguma causa para o câncer do fígado?
Dr. Alexandre Albuquerque – Existe. Como falado anteriormente, a principal causa do câncer do fígado é a cirrose hepática, a hepatite crônica pelos vírus B e pelos vírus C, além de outras doenças do fígado como por exemplo a hemocromatose que é o acúmulo de depósito de ferro no fígado.

Viva Mais Viva Melhor – Quais seriam os sinais e sintomas do câncer de fígado, doutor?
Dr. Alexandre Albuquerque – No começo o câncer de fígado dá muito poucos sinais, geralmente esses sinais aparecem mais na doença avançada. Os principais sinais são dor, geralmente localizada na parte direita do abdome, além disso pode surgir icterícia que é uma coloração amarelada nos olhos, perda inexplicável de peso, falta de apetite e também ascite, que é o acúmulo de líquido dentro do abdome.

Viva Mais Viva Melhor – Como é que se faz para diagnosticar o câncer de fígado?
Dr. Alexandre Albuquerque – Geralmente o diagnóstico de câncer de fígado é feito por um exame de imagem. Nós podemos utilizar o ultrassom, preferencialmente a tomografia ou ressonância. Além disso, nós temos um exame, que pode ser detectado no sangue, que é o alfafetoproteína que é um marcador tumoral que costuma ficar aumentado em cerca de 60 a 70% dos casos de cânceres primários do fígado. Então esse marcador é bem utilizado, por exemplo, nos pacientes que têm o diagnóstico de cirrose hepática e que estão fazendo o acompanhamento para prevenir o câncer de fígado e detectar ele precocemente.

Viva Mais Viva Melhor – A indicação do tratamento vai depender do estado desse tumor e do estado de saúde geral deste paciente, doutor?
Dr. Alexandre Albuquerque – Com certeza. O estado do tumor vai definir se esse tumor é passível, por exemplo, de um tratamento cirúrgico, como a retirada da parte do fígado que está comprometida, o estado de saúde geral do indivíduo também é muito importante. Até porque, como falado antes, a maioria destes pacientes eles já têm um agravamento da saúde, por exemplo, por cirrose hepática, e muitas vezes, a determinação do tratamento ele é individualizado conforme o grau de função no fígado. Então se o paciente tem uma reserva funcional do fígado boa ele pode passar por tratamentos às vezes mais agressivos, mas que tenham mais chances de cura. Já quando ele tem uma reserva funcional do fígado muito pequena as chances de tratamento do tumor se tornam bem menores.

Viva Mais Viva Melhor – Vamos a eles então. Uma vez confirmado o diagnóstico da doença, quais são as opções de tratamento para o câncer de fígado?
Dr. Alexandre Albuquerque – Temos uma série de opções de tratamento para o câncer de fígado. A primeira delas, e a que tem maiores chances de cura, é a ressecção da parte do fígado que está comprometida pelo tumor. Além disso, temos outras alternativas, como por exemplo a quimioterapia, a radioablação que é uma técnica em que se introduz uma agulha no fígado e que se faz uma terapia em que se coagula as células tumorais, e também a embolização dos tumores do fígado. Essa embolização normalmente é feita por cateterismo e que se injetam substâncias que promovem a trombose dos vasos que irrigam o tumor e nesse tipo de tratamento pode se injetar diretamente próximo do tumor ou sobre o tumor quimioterápicos.

Viva Mais Viva Melhor – Como é que é feito o tratamento cirúrgico? Quais são as opções, os tipos de cirurgias que estão disponíveis para tratar o câncer de fígado?
Dr. Alexandre Albuquerque – A cirurgia para o câncer de fígado ela é a retirada do tumor da parte do fígado que está comprometida. Em alguns casos selecionados em que nós temos pequenos tumores pode-se considerar também o transplante hepático.

Viva Mais Viva Melhor – Após essa cirurgia o paciente pode se alimentar normalmente?
Dr. Alexandre Albuquerque – Pode sim!

Viva Mais Viva Melhor – Quais são os possíveis efeitos colaterais de uma cirurgia desse porte?
Dr. Alexandre Albuquerque – Normalmente o paciente tem uma boa recuperação. A cirurgia tem que ser muito bem dimensionada, porque como nós tratamentos de um fígado que normalmente já tem uma doença de base, nós não podemos fazer grandes retiradas de parte do fígado. Se for feita de maneira adequada o paciente normalmente não tem efeitos colaterais relacionados a cirurgia. Agora no caso em que, por exemplo, são realizadas grandes retiradas em um paciente que tem o fígado muito comprometido, o paciente pode desenvolver algum grau de insuficiência hepática, que é o mau funcionamento do fígado e isso pode causar problemas mais graves no pós-operatório.

Viva Mais Viva Melhor – Para finalizar, doutor, quais são os fatores de risco para o câncer de fígado e como é que nós podemos nos prevenir contra a doença?
Dr. Alexandre Albuquerque – Bem, o principal fator de risco para o câncer de fígado são as doenças crônicas do fígado. E dentre essas as principais causas são a hepatite B e a hepatite C, além também da cirrose de etiologia alcoólica. Então podemos nos prevenir prevenindo a exposição a esses fatores. Então por exemplo, a hepatite B é prevenida hoje com a vacinação. A cirrose alcoólica é prevenida devendo se abster do uso excessivo do álcool. E a hepatite C nós podemos nos prevenir evitando a contaminação por compartilhamento de agulha e etc. E também ao diagnosticar tanto a hepatite B como a hepatite C procurar um especialista, um hepatologista para realizar o tratamento dessas doenças. Hoje existem drogas que são altamente eficazes no tratamento tanto da hepatite B quanto da hepatite C.

Viva Mais Viva Melhor – Ok. Conversamos com o doutor Alexandre Albuquerque, especialista em cirurgia oncológica. Doutor, muito obrigada e até a próxima.