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Psiquiatria PUBLICADO EM 16/11/2016Transtorno Bipolar: Familiares precisam compreender o paciente
Reconhecendo o problema, paciente pode levar uma vida perfeitamente normal
Participação do médico André Gordilho, especialista em psiquiatria
Doença que se caracteriza pela alternância de humor, o transtorno bipolar nem sempre é de fácil diagnóstico. É um problema em que o paciente ora está com o humor exagerado, ora em depressão, com períodos intercalados de tranquilidade. Algumas evidências apontam que a genética possa influenciar no surgimento da doença, porém, fatores ambientais estão diretamente ligados a esse processo. Na maioria das vezes, o paciente não percebe suas atitudes e é preciso que os familiares estejam bem informados para reconhecer os sintomas e o encaminhe para um tratamento adequado.
O transtorno de humor pode acontecer em diversos grupos de condições clínicas. Há muita controvérsia entre a distinção em situações normais do humor e o transtorno do humor propriamente dito. Mas, pode-se dizer que o transtorno de humor é patológico quando existe, geralmente, uma constelação de sinais e sintomas, uma síndrome, com duração e gravidade suficiente que levem a uma perda substancial da capacidade funcional da pessoa. Se esses sintomas levam à perda, a problemas e a consequências que podem atingir o âmbito profissional, familiar ou moral, isso passa a ser patológico.
O que caracteriza a bipolaridade são os dois pólos: a euforia e a depressão. Às vezes é difícil saber numa primeira crise, principalmente se for depressiva, porque vai surgir a dúvida se o paciente é um depressivo unipolar ou bipolar.
Características do quadro básico da euforia
– Humor elevado;
– Aumento da autoestima, da grandiosidade;
– Redução da necessidade do sono;
– O paciente fala mais do que o habitual, fica verborreico, apresenta fuga de ideias, a perda na continuidade do discurso, ele vai mudando de tema de uma forma mais aleatória;
– Fica mais distraído;
– Com mais energia;
– Mais desinibido, mas gastador,com um risco de maior exposição.
Características do quadro básico da depressão
– Tristeza;
– Humor deprimido;
– Perda de prazer nas atividades habituais, associada a perda de interesse;
– Diminuição da energia;
– Insônia ou hipersonia;
– Agitação ou retardo psicomotor;
– Fadiga;
– Sentimentos de inutilidade, chegando até a pensamentos de suicídio e de morte.
O paciente com o transtorno bipolar vai ter que usar medicação, não tem como fugir disso. Vai ter que tomar um estabilizador de humor, alguma medicação para estabilizar o quadro dele. É extremamente importante que seja desenvolvido no paciente a autopatognose (reconhecimento da doença), ele precisa entender o que ele tem, ele precisa ser parte ativa no tratamento. Porque, segundo o médico André Gordilho, especialista em psiquiatria, “se ele não entender o que tem, se ele achar que não é e que não tem nada, ele sempre vai tentar burlar o tratamento de alguma maneira. O paciente precisa saber como funciona o tratamento, como o remédio funciona, os possíveis efeitos colaterais e como lidar com isso. A psicoterapia ajuda no sentido de trabalhar na compreensão da doença e o que esse paciente vai desenvolver. É perfeitamente possível e comum um paciente bem tratado levar uma vida normal como se nada tivesse”.
Em geral, as pessoas têm muita dificuldade em compreender os problemas mentais como um problema médico, é muito envolto de uma aura de preconceito e dificuldade de entender o problema e, geralmente, deixam para tomar providência quando a doença já está num grau bastante avançado. “Além do tratamento, a família precisa compreender o paciente, se solidarizar com o problema dele, precisa ficar atenta à mudança do paciente e, ao identificar a mudança, entender isso como um problema médico”, finaliza doutor André.