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Neurociência PUBLICADO EM 17/05/2016

Por que não se deve tomar decisões quando se está com fome?

Novo estudo sobre hormônio grelina mostra que a fome e a tomada de decisões não se misturam

Por que não se deve tomar decisões quando se está com fome?

A impulsividade afeta a todos em graus diferentes, e cada indivíduo pode ser mais ou menos impulsivo, dependendo da situação. Ela pode ser dividida em dois tipos: 
– Ação impulsiva, em outras palavras, a incapacidade para parar a si mesmo a partir de uma tomada de ação física;
– Escolha impulsiva, uma incapacidade de adiar o prazer.

Embora a maioria das pessoas controle seus impulsos suficientemente, a impulsividade é um fator importante em uma série de condições, incluindo transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH), transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), transtornos alimentares e abuso de substâncias. Esta ligação a várias condições psiquiátricas faz da impulsividade uma importante área de estudo.

Por isso, pesquisadores da Academia Sahlgrenska, da Universidade de Gotemburgo – Suécia, liderados por Karolina Skibicka, estudaram um hormônio que é produzido quando estamos com fome, que interfere na racionalidade e tomada de decisões. Eles começaram a investigar o potencial papel da grelina no comportamento impulsivo. Investigaram a impulsividade em ratos, especificamente em relação ao hormônio grelina e publicaram os resultados, recentemente, no jornal Neuropsychopharmacology.

A grelina é um hormônio produzido no trato gastrointestinal, que atua sobre o sistema nervoso central. Ele é liberado quando o estômago está vazio. Uma vez que o estômago se tornou cheio, a produção de grelina cessa. A grelina prepara o corpo para o alimento, e também funciona em células do hipotálamo para induzir a sensação de fome. O papel da grelina não se limita apenas à resposta da fome. Ela também tem sido associada ao consumo de drogas, álcool e alimentos.

Durante o experimento, a grelina foi injetada diretamente no cérebro dos ratos, replicando como o hormônio que normalmente se comportam quando os animais estavam com fome. Como esperado, a injeção tornava os ratos mais impulsivos. Além disso, os pesquisadores descobriram que apenas um curto período de jejum deu os mesmos resultados impulsivos nos ratos.

Skibicka e sua equipe conseguiram identificar a área do cérebro que parece estar envolvida nesse comportamento impulsivo:
“Nossos resultados mostraram que a restrição de efeitos da grelina para a área tegmental ventral, a parte do cérebro que é um componente crucial do sistema de recompensa, foi suficiente para fazer os ratos mais impulsivos. É importante ressaltar que, quando bloqueado a grelina, o comportamento impulsivo foi reduzido.”

Estes resultados são os primeiros a demonstrar que a grelina em ratos aumenta a impulsividade. Os investigadores esperam que as descobertas possam ajudar no desenvolvimento de novas drogas psicoativas. Skibicka espera que, eventualmente, receptores de grelina do cérebro possam ser um alvo para o “tratamento de perturbações psiquiátricas que são caracterizadas por problemas com impulsividade”.

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