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Psiquiatria PUBLICADO EM 08/08/2017

Transtorno bipolar é uma doença como outra qualquer

Não se deve esperar quadro agravar para procurar um psiquiatra

Participação do médico André Gordilho, especialista em psiquiatria 

Caracterizado por mudanças drásticas de humor, o transtorno bipolar é um problema que está cada vez mais comum. Apesar de mudanças de humor serem normais em todas as pessoas, no quadro bipolar a intensidade e a velocidade que elas acontecem são maiores. Algumas evidências apontam que a genética possa influenciar no surgimento da doença, porém, fatores ambientais estão diretamente ligados a esse processo. Na maioria das vezes, o paciente não percebe suas atitudes e é preciso que os familiares estejam bem informados para reconhecer os sintomas e o encaminhe para um tratamento adequado. 

“Se você observar que uma pessoa está deprimida e atribuir isso à frescura, à preguiça, acha que a pessoa não tem motivo para ter isso porque tem uma vida boa, a pessoa realmente não vai conseguir melhorar. A bipolaridade não é uma coisa do querer, não é assim que funciona. Se você não encaminha o paciente para o tratamento adequado, a doença tende a evoluir cada vez mais.” (Dr. André Gordilho, médico especialista em psiquiatria)

O transtorno bipolar é doença como outra qualquer, tem tratamento, tem sua evolução e sua fisiopatologia própria, e não pode ser encarada como frescura ou defeito de caráter. Devido ao grande preconceito que ainda surge sobre a patologia, as pessoas têm muita dificuldade em compreender os problemas mentais como um problema médico e, com isso, deixam para tomar providência quando a doença já está num grau bastante avançado. Dr. André Gordilho explica que “existem vários problemas emocionais, de ansiedade, de humor, que são bastante leves, mas que atrapalham demais o dia-a-dia da pessoa e que, se tratado de uma forma precoce, melhora muito a qualidade de vida do paciente. Então, não se deve esperar até o quadro estar num ponto de gravidade avançada para se procurar um psiquiatra”.

É importante destacar, que o paciente bipolar não está fadado a ser uma pessoa infeliz. “Se ele não tratar, a doença vai ficar aparecendo, vai ficar cada vez mais aguda, e isso torna cada vez mais difícil os relacionamentos, a vida profissional e a vida familiar. Mas, se tratando adequadamente, não tem nenhum motivo algum para que ele não possa ser feliz”, ressalta o Dr. André Gordilho.

Até hoje não se sabe, não se descobriu uma cura para o transtorno bipolar. Mas tem tratamento e o tratamento permite que a pessoa leve uma vida normal. “Várias doenças não têm cura, tais como o hipotireoidismo, que se trata repondo o hormônio da tireoide. Já o diabetes tipo 1, trata-se usando medicação, estabilizando. Ou seja, o não tratamento da bipolaridade vai fazer com que a doença se agrave e, às vezes, o paciente tem várias crises, a doença tende a deixar sintomas residuais. Portanto, é importante tratar, e bem tratado, desde o início para que o paciente possa levar uma vida normal, como uma pessoa que não tivesse o transtorno”, finaliza Dr. André Gordilho.