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Endocrinologia e Metabologia PUBLICADO EM 07/07/2016Diabetes tipo 2: estudo explica ligação do hormônio do sono com a insulina
Participação do Dr. Joaquim Custódio, médico endocrinologista
Um novo estudo, conduzido pela Universidade de Lund, na Suécia, e publicado na revista Cell Metabolism, concluiu que alterções nos níveis do hormônio do sono, a melatonina, podem reduzir a capacidade das células produtoras de insulina para liberação da mesma. Além disso, os pesquisadores descobriram que o efeito é mais forte em pessoas que carregam um gene variante particular que está associado a um maior risco de diabetes tipo 2.
A melatonina é um hormônio que ajuda a regular os ciclos circadianos (dormir-acordar), sendo a sua produção estimulada pela escuridão e inibida pela luz. A insulina é um hormônio que regula os níveis de açúcar no sangue. É produzida e libertada pelas células beta do pâncreas, em resposta aos picos de açúcar no sangue, tais como durante a digestão. Na diabetes de tipo 2 , responsável por quase 90% dos casos de diabetes , o corpo não produz insulina suficiente, ou as células tornam-se menos eficazes em resposta a ela, o que aumenta a exigência nas células beta para produzir mais. Ambos resultam em aumento dos níveis de açúcar no sangue, o que acaba causando sérios danos aos órgãos.
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A equipe recrutou 23 portadores saudáveis do gene variante e 22 portadores não-saudáveis. Todos os participantes estavam ao redor da mesma idade, tinham o mesmo índice de massa corporal (IMC), e não mostraram diferenças em história familiar de diabetes. Durante 3 meses, os participantes tomaram 4 miligramas de melatonina à noite. Os pesquisadores compararam os níveis de açúcar no sangue e insulina tomadas no início e no final do período de tratamento. Após o tratamento com melatonina, todos os participantes tinham níveis mais elevados de açúcar no sangue. No entanto, foi maior nos portadores do gene de risco, que também apresentaram níveis mais baixos de secreção de insulina. Os pesquisadores observam que as pessoas que trabalham a noite são mais propensas a doenças metabólicas como diabetes tipo 2.
Hindrik Mulder, professor especializado no metabolismo molecular na Diabetes Center de Lund, diz que a descoberta pode explicar porque o risco de desenvolver diabetes tipo 2 é maior em pessoas que trabalham durante a noite ou que têm distúrbios do sono. Ele também sugere o efeito aparentemente mais forte da melatonina sobre as pessoas que carregam o gene de risco poderia explicar porque eles também estão em risco aumentado de desenvolver diabetes tipo 2. “É talvez, portanto, menos adequado para os portadores do gene de risco trabalhar durante a noite, como o nível de melatonina provavelmente irá aumentar, ao mesmo tempo que os efeitos do aumento serão reforçados. Ainda há nenhuma evidência científica para esta teoria, mas deveria ser estudada no futuro, com base em nossas novas descobertas”, diz Mulder.
Fatores de risco para desenvolver o diabetes tipo 2
De acordo com informações do médico Joaquim Custódio, especialista em endocrinologia e metabologia, “o diabetes tipo 2 tem uma relação muito íntima com o sobrepeso e a obesidade. Além dos carboidratos – a sacarose (açúcar refinado) e a frutose (refrigerantes e outros alimentos adoçados artificialmente) – a gordura saturada (frituras) também tem o papel de levar a um maior risco de desenvolvimento do diabetes. Não é apenas deixar de consumir açúcar ou carboidratos, o consumo da gordura saturada também predispõe a baixa utilização da glicose. Ou seja, se você tem glicose circulando e não está utilizando aquela glicose, o organismo vai tratar de armazenar aquela glicose em forma de gordura, transforma-se para poder ser armazenada e, se ficar acumulada. A médio ou longo prazo isso pode gerar uma série de problemas, incluindo o diabetes”.