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Neurologia PUBLICADO EM 11/11/2015

Demência com Corpos de Lewy: despercebida e mal diagnosticada

Ator Robin Williams foi uma das vítimas dessa doença neurodegenerativa

Demência com Corpos de Lewy: despercebida e mal diagnosticada

Em agosto do ano passado, o mundo chorou com a morte do ator e comediante Robin Williams. Na época, amigos e colegas da estrela internacional alegaram que a depressão o levou a tirar sua própria vida. Mas, no início desta semana, a viúva Susan Williams disse que sua morte foi o resultado de uma doença debilitante do cérebro conhecida como Demência com Corpos de Lewy (DCL).

“Demência com Corpos de Lewy foi o que matou o Robin”, revelou Susan em entrevista à ABC News. “Foi o que lhe tirou a vida e é o que tenho estudado a fundo, sobre essa doença que levou a vida do meu marido”. Susan explicou ainda que foi durante a autópsia de Williams “que um médico legista encontrou sinais de DCL e os médicos que analisaram o relatório da autópsia disseram que era um dos casos mais graves que já tinham visto”.

Mas por que essa condição não foi descoberta antes? Afinal, a DCL é a segunda forma mais comum de demência progressiva, afetando cerca de 1,3 milhões de americanos, principalmente aqueles com 65 anos ou mais. Apesar da sua prevalência, no entanto, a doença é também a forma mais mal diagnosticada de demência. A maioria dos médicos não conseguem reconhecer os sinais de DCL; os sintomas são muito semelhantes aos da doença de Alzheimer e outras doenças neurodegenerativas, tais como a doença de Parkinson.

Conheça mais sobre essa patologia e o que está sendo feito para aumentar a consciência desta condição potencialmente devastadora:

O que é DCL?
DCL foi descoberta pela primeira vez no início de 1900 pelo neurologista alemão Dr. Freiderich H. Lewy. Ao estudar a doença de Parkinson, Lewy identificou pequenos depósitos de uma proteína chamada alfa-sinucleína em células do cérebro, que mais tarde foi chamada de corpos de Lewy. Os corpos de Lewy encontram-se tanto no Parkinson quanto na DCL, mas estão localizados em diferentes regiões do cérebro. 

Os sinais e sintomas de DCL
Problemas com atenção e agilidade são muito comuns entre as pessoas com DCL, e a gravidade desses sintomas oscila com frequência ao longo dos dias. Similar aos indivíduos com a doença de Alzheimer, as pessoas com DCL podem experimentar comprometimento cognitivo – particularmente a perda de memória – embora este seja, provavelmente, menos proeminente do que com a doença de Alzheimer.

A maioria das pessoas com DCL têm alucinações visuais – ver coisas que não estão lá – enquanto uma menor proporção podem experimentar alucinações auditivas. Cerca de dois terços das pessoas com DCL apresentam distúrbios no movimento, semelhantes aos observados no Parkinson, e isso piora à medida que a doença progride.

O distúrbio do sono é outro sintoma comum da doença, assim como as mudanças nas funções do corpo, como pressão arterial, temperatura e função intestinal. Depressão, ansiedade, agitação e outros sintomas comportamentais e de humor também pode ocorrer em pessoas com DCL.

Como diagnosticar a DCL
Tal como acontece com outras formas de demência, o diagnóstico de DCL se baseia em avaliação clínica, na qual um profissional de saúde irá avaliar os sintomas neurológicos e físicos do paciente e fazer um julgamento profissional para saber se eles podem ter a condição.

Muitos profissionais médicos não estão familiarizados com a DCL, o que significa que um paciente pode frequentar vários médicos antes de ser diagnosticado com a doença. O Instituto Nacional do Envelhecimento recomenda procurar um neurologista. Se isso não for possível, um psiquiatra geriátrico, um neuropsicólogo ou um geriatra também podem ter experiência com o diagnóstico de DCL.

Para chegar a um diagnóstico de DCL, um profissional médico irá normalmente realizar uma série de testes para excluir outras condições. Eles podem realizar um exame neurológico, que pode envolver testes de reflexos, movimentos oculares, equilíbrio e sentido do tato. Podem avaliar as habilidades mentais do paciente e realizar uma série de exames de sangue e as varreduras do cérebro, como a ressonância magnética e tomografia computadorizada.

Tratamento abrangente para DCL
Tal como com outras formas de demência, o diagnóstico precoce aumenta a probabilidade de controle da doença.

Os pacientes com sintomas de DCL podem ser tratados com medicamentos habitualmente utilizados para tratar a doença de Parkinson, enquanto os sintomas cognitivos podem ser tratados com drogas tais como inibidores da colinesterase, os quais são utilizados para tratar a doença de Alzheimer. Alguns pacientes também podem se beneficiar de terapias não médicas, tais como terapia física, para problemas de circulação, ou psicoterapia, para problemas comportamentais.

Aumentar a conscientização da DCL
É claro que a falta de consciência está contribuindo para diagnóstico tardio da doença, ou seja, muitas pessoas com a condição não serão tratadas. Organizações de todo o mundo estão trabalhando duro para aumentar a conscientização sobre a doença entre o público e profissionais de saúde em geral.

Não há dúvida de que a cobertura da mídia sobre o caso de Robin Williams tem ajudado a aumentar a conscientização sobre a doença. A mulher do ator tem esperanças que, falando sobre a luta de seu falecido marido, vai continuar a aumentar a consciência das pessoas: “Robin era muito consciente de que ele estava perdendo sua mente e não havia nada que pudesse fazer sobre isso. Este foi um caso muito singular e peço a Deus que ele esclareça sobre a DCL para os milhões de pessoas e seus entes queridos que estão sofrendo com isso. Porque nós não sabíamos. Ele não sabia”, finalizou Suzan.

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