Nossas Entrevistas
Radiologia
Tema: Ressonância Magnética de Mama
Por Dra. Suzan Menasce Goldman
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Olga Goulart: A ressonância magnética das mamas é um exame de muito valor quando bem indicada. Ela detecta o câncer de mama nos casos em que a mamografia e a ultrassonografia não conseguem fazer isso. Além de investigar achados mamográficos/ultrassonográficos inconclusivos, o exame, geralmente, é indicado também para rastreamento em mulheres de alto risco; estadiamento pré-operatório, por exemplo, ou seja, identificação da extensão da doença antes da cirurgia; assim como avaliação da mamografia “problemática”, além de indicações pontuais e também específicas. Para falar melhor sobre assunto conosco, sobre a Ressonância Magnética das mamas, conversamos com a doutora em Radiologia Clínica e especialista em diagnóstico por imagem, Suzan Goldman.
Viva Mais Viva Melhor – Doutora, pra começar, eu gostaria que você explicasse por que a ressonância magnética das mamas não é indicada como um exame de rastreamento de forma isolada e em que casos este exame , realmente, é importante?
Drª Suzan Menasce Goldman – Bom, a ressonância de mama é uma ferramenta muito poderosa. Como você mesmo colocou na sua apresentação, ela é um exame que vê demais, ela vê qualquer coisa, pequena, grande … Ela rastreia… ela simplesmente é talvez o último exame que a gente utilize numa sequência natural de exames. Mas a ressonância magnética, a gente não tem disponibilidade pra rastrear todas as mulheres do mundo. Não existem máquinas suficientes e tempo de exame suficiente para que a gente possa fazer um rastreamento por esse método de imagem, entende? Então, assim, a mamografia ela ainda é considerada o principal método de rastreamento porque o método de rastreamento ele tem que ser muito disponível, de fácil acesso e com uma acurácia muito boa. E a mamografia ela tem todas essas qualidades. A ressonância, a gente poderia dizer como método de imagem de crime de neoplasia, ela é a melhor, mas eu não tenho disponibilidade pra pegar todas as mulheres do mundo e fazer elas se submeterem a uma ressonância magnética, que deve ser anual. Então você imagina quantas milhões e milhões de imagens ele deveria fazer! O método ainda não é barato o suficiente pra que a gente possa ter centenas de milhares de máquinas fazendo esse papel.
Viva Mais Viva Melhor – Doutora, com que objetivos a ressonância magnética é feita em mulheres que já foram diagnosticadas com o câncer de mama?
Drª Suzan Menasce Goldman – Então, esse é um assunto extremamente importante, porque uma vez que você tenha o diagnóstico do câncer de mama – e a gente sabe que a mamografia pode subestimar o tamanho do tumor, a ultrassonografia também pode subestimar o tamanho do tumor – a ressonância consegue delimitar melhor esse tumor e consegue ver se a pessoa tem outros pequenos focos de tumor que não seriam congregados dentro da cirurgia planejada. Então o que acontece: eu consigo planejar melhor a cirurgia através desse exame e muitas vezes, dependendo da extensão desse tumor, pode ser necessário se fazer uma terapia chamada de neoadjuvante, que é quando a paciente toma a quimioterapia antes da cirurgia, porque o resultado cirúrgico e o resultado de cura dela vai ser melhor com esse tipo de proposta e eu consigo também, através da ressonância, acompanhar essa paciente pra ver se a quimioterapia está fazendo efeito e quanto eu tenho de redução o do meu tumor e às vezes até o desaparecimento dele.
Viva Mais Viva Melhor – Comumente, nós ouvimos dizer que a ressonância magnética da mama é recomendada junto com a mamografia anual para diagnóstico do câncer de mama em mulheres com alto risco da doença. Quem são essas mulheres com alto risco da doença?
Drª Suzan Menasce Goldman – Isso é muito importante porque toda mulher tem que entender que ela tem risco maior pra desenvolver a doença ou não. Alto risco para câncer de mama são aquelas pacientes que vem de uma família onde muitos familiares tiveram câncer de mama e de preferência em idade abaixo de 40 anos. Mulheres que, por exemplo, tiveram linfomas quando jovens e que se submeteram a radioterapia, essas mulheres têm um risco maior a ter câncer de mama. Mulheres que carregam mutações genéticas como a gente já ouviu muito falar da Angelina Jolie que tirou as mamas porque ela tinha uma mutação que devem ser a um e dois que são as mais famosas, as mais cometidas. Mulheres que, por exemplo, tiveram câncer de endométrio, câncer de ovário, câncer de intestino ou que na sua família tiveram muitos cânceres deste tipo, ela tem uma maior possibilidade, dependendo do seu tipo de mutação, de ter uma incidência maior de câncer de mama. Todos esses fatores devem ser pesquisados, mas o próprio ginecologista faz essas perguntas para as mulheres e aí quando descoberto que eu tenho alto risco, o que eu vou fazer? A gente rastreia essas mulheres com a mamografia e a ressonância magnética. Não é necessário colocar um ultrassom porque a melhor combinação é mamografia e ressonância e a gente tenta descobrir o mais cedo possível se essa mulher tem ou não alguma alteração que mereça fazer uma biópsia e se vier positiva, a gente descobrir essa neoplasia num estágio muito menos avançado.
Viva Mais Viva Melhor – E como é a preparação para o exame de ressonância magnética das mamas, doutora?
Drª Suzan Menasce Goldman – Isso é muito importante porque as mulheres acreditam que a ressonância de mama seja igual a uma ressonância qualquer e que qualquer hora eu posso fazer, mas não é bem assim. Então, é importante que as mulheres saibam que até elas menstruarem, enquanto elas ainda não estão no climatério, é fundamental que a gente faça o exame entre o oitavo e o décimo quarto dia do ciclo. Por que? Porque a gente tem muitas alterações hormonais e a mama, a gente sabe, ela vai inchando conforme vai passando o tempo até próximo da menstruação. Esse inchaço, na realidade, significa que eu tenho muito estímulo hormonal e o estímulo hormonal ele se traduz em maior vascularização e como é um gesto contraste eu posso acabar vendo lesões que não são verdadeiras porque eu estou mais próxima do período menstrual. Então quando a mama está mais desinchada, menos suscetível a toda esse estímulo hormonal, é melhor realizar o exame nessa época. Outra coisa que é muito importante: a mulher não deve estar fazendo o uso de pílula anticoncepcional, porque mais uma vez o número de hormônio sobrecarrega essa mama e eu posso ver lesões que não sejam verdadeiras. O correto é a gente suspender por 30 dias a pílula, menstruar e aí sim fazer o exame entre o oitavo e o décimo quarto dia do ciclo. Nas mulheres que estão na menopausa, aí é preferível que elas suspendam se estiverem fazendo algum tipo de terapia hormonal. Agora, no que diz respeito àquelas mulheres que usam implantes hormonais ou dispositivos uterinos do tipo mirena tem progestagem? Infelizmente nessas a gente avisa que o exame pode dar maior número de falsos-positivos do que o que a gente gostaria.
Viva Mais Viva Melhor – Doutora, muitas mulheres naturalmente que ainda não fizeram esse exame de ressonância magnética apresentam dúvidas sobre como ele é feito. Você poderia explicar?
Drª Suzan Menasce Goldman – Claro, com certeza. Então, a mulher chega na clínica, a gente tira a história toda… É fundamental que ela leve a mamografia anterior, a ultrassonografia que ela realizou, porque o exame de ressonância é comparado com esses exames de mamografia e ultrassonografia que no caso a paciente tiver. Quando ela chega na clínica, depois de fazer toda essa triagem, tirar toda história, saber se ela tem algum tipo de alergia ao meio de contraste, a gente pega uma veia, que é por onde a gente vai injetar o meio de contraste, e ela vai pra sala de ressonância. Na sala de ressonância, naquela maca, ela deita de bruços porque a bobina de mama onde as mamas vão ficar encaixadas, a gente deita e as mamas vão ficar pendentes nessa bobina, que não machuca, absolutamente não dói, você não sente nada durante a realização desse exame, a gente coloca as mamas lá dentro e começa a fazer o exame. A gente vai escutar um barulhão tum tum tum, que é o barulho normal da máquina da ressonância magnética e em um dado momento vai entrar uma enfermeira na sala, vai fazer injeção do meio de contraste, e depois a paciente sai e o contraste não tem nenhuma contraindicação, não tem nenhum efeito ruim sobre a paciente. Então, é um exame muito tranquilo, ele demora aproximadamente 30 minutos, 35 minutos, e é um exame extremamente eficaz e uma das únicas coisas que a gente pede é que a paciente respire calmamente e procure não se movimentar.
Viva Mais Viva Melhor – A paciente que se submete à ressonância magnética das mamas sente algum tipo de dor ou incômodo durante o procedimento, doutora?
Drª Suzan Menasce Goldman – Nenhum incômodo, absolutamente nada, só o barulho da máquina, que pode ser um pouco alta, mas a gente coloca protetores auriculares ou uma música. Isso é bem minimizado.
Viva Mais Viva Melhor – A ressonância magnética das mamas possui algum tipo de contraindicação ou o exame pode ser feito por qualquer pessoa? Traz algum tipo de risco para a paciente?
Drª Suzan Menasce Goldman – Não, no que diz respeito a risco nenhum, porque não tem radiação no exame. Então, é totalmente diferente do Raio-x ou da tomografia, que têm radiação. Então, a paciente pode fazer super despreocupada, mas por exemplo, a paciente que utiliza um marca passo… Hoje o marca-passo mais moderno permite fazer a ressonância, mas você tem que desligar o marca- passo pelo técnico do marca-passo. Então, quem usa marca–passo não pode. Quem teve algum tipo de aneurisma na cabeça, ele usa clip de aneurisma, também não pode fazer nenhum tipo de ressonância magnética. Agora, outras próteses pode tranquilamente. Agora, quando eu fiz uma tatuagem muito recente eu também não devo fazer a ressonância porque pode borrar a tatuagem. Então, tem que tomar cuidado com isso.
Viva Mais Viva Melhor – Quanto tempo, em média, pra entrega do laudo da Ressonância Magnética de Mamas à paciente, doutora? A senhora, inclusive, aconselha ou não que esse resultado seja aberto pela paciente sem a presença do médico que o solicitou ou não vê nenhum problema nisso?
Drª Suzan Menasce Goldman – Ah, essa é uma questão super importante. O exame de ressonância, ele é livre e a gente precisa correlacionar com exames anteriores da paciente. Então, o exame só deve ser liberado no momento em que a paciente trás esses exames, então de preferência ela tem que trazer na hora do exame e é um exame um pouco mais demorado mesmo porque é uma avaliação extremamente minuciosa, porque ele vai ver não só a ressonância, ela vai ver também a mamografia, a ultrassonografia e ressonância, mas eu acredito que em três dias esse exame já tenha seu laudo conferido. Agora, a abertura de um exames desse é extremamente complexa, porque não é um exame de domínio de todos os pacientes. A linguagem que vai estar lá é uma linguagem absolutamente mais rebuscada e um pouco mais difícil de ser compreendida do que a que está numa ultrassom ou numa mamografia. A qualificação de birad que vai estar lá, muitas vezes, ela é umaalerta para as mulheres de que não é um diagnóstico tão definitivo, por que se eu usar um birad 3 ou um birad 4, nem sempre significa que isso é uma coisa tão ruim. Então, eu acredito que esse é um exame que a paciente deve abrir no consultório médico e o médico dela, ginecologista/mastologista vai ter toda a capacidade de explicar pra ela o que aconteceu durante o exame e qual é o resultado. Eu acho que pode trazer muitos dissabores, ela pode ficar muito nervosa em receber um resultado que ela não ia saber compreender
Viva Mais Viva Melhor – Drª Susan, chegou aqui pra gente uma pergunta de uma nossas ouvintes, que é a seguinte: Doutora, estou pensando em colocar uma prótese de silicone nos seios e ouvir dizer que após o procedimento é recomendado fazer uma ressonância magnética das mamas, isso é verdade? E se for, por que motivo?
Drª Suzan Menasce Goldman – Então, na realidade, o objetivo de se fazer a ressonância magnética de mama, quando a gente usa prótese, é porque a mamografia algumas vezes ela não tem a capacidade total de identificar todas as lesões quando a gente utiliza um implante, mas isso pra ressonância não tem o menor problema. Qualquer lesão é identificada independente das próteses de mama estarem presentes. Então, muitos médicos acabam tendo um cuidado maior quando a paciente utiliza prótese e fazem o streaming de neoplasia mamária, eles preferem associar a ressonância magnética. E a ressonância também é o melhor método pra gente ver a integridade do implante da prótese, se está contraída ou não, se tem ruptura ou não tem. Então, é um exame que pode aliar dois objetivos: ver a prótese e ver a glândula, porque a gente sabe que a mamografia vai perder um pouco quando a gente usa uma prótese.
Viva Mais Viva Melhor – E agora, doutora, eu queria saber a sua opinião sobre a campanha “Outubro Rosa” e sobre a necessidade das mulheres priorizarem os cuidados com a saúde?
Drª Suzan Menasce Goldman – Bom, o outubro rosa é o momento mais importante de campanha em relação à mulher, pois o câncer de mama é o principal câncer, o câncer de maior incidência na população feminina. Toda mulher tem que se conscientizar que tem que fazer o seu exame anual de mamografia depois dos 40 anos, ou antes dos 40, quando tiver alguma indicação. É fundamental que a gente acompanhe todas as mulheres e o bom dessas campanhas do outubro rosa é que é um sino que lembra as mulheres: “ôpa, está na hora de fazer a minha mamografia” e sempre ensina o quão importante é encontrar um câncer, tratar da sua mama, porque hoje o câncer é extremamente tratável e, depois de seis meses, a gente costuma dizer, depois de seis meses, passou, e a mulher tem a sua vida pela frente.
Viva Mais Viva Melhor – Conversamos com a Doutora Suzan Menasce Goldman, especialista em Radiologia e Diagnóstico por Imagem. Muito obrigada pelos esclarecimentos e até a próxima!