Nossas Entrevistas

Cirurgia Oncológica

Tema: Câncer Colorretal

Por Dr. Herbert Almeida

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Olga Goulart – Hoje nós vamos falar sobre o câncer colorretal, que também é conhecido como câncer do intestino grosso e que cada vez mais a recomendação é que a partir dos 50 anos alguns exames são extremamente importantes na detecção deste tipo de câncer. O doutor Herbert Almeida é o nosso convidado. Tudo bom doutor?

Dr. Herbert Almeida – Tudo bem.

Olga Goulart – Doutor, o câncer colorretal, a incidência dele tem sido bastante grande e sobretudo entre os homens, entre a população masculina, não?

Dr. Herbert Almeida – Sim, o câncer colorretal é um câncer bastante prevalente no nosso meio e ele acomete mais homens do que mulheres.

Olga Goulart – Como nós falamos dos exames preventivos como sendo uma forma de promover saúde mesmo, hoje com tantas possibilidades, eu sei que a partir dos 50 anos é que se recomenda fazer um exame cujo o nome é Colonoscopia, é isso mesmo?

Dr. Herbert Almeida – É, a Colonoscopia é um dos exames mais conhecidos para fazer o rastreio do câncer colorretal. Ela tem indicação, na verdade o rastreamento do câncer colorretal da população em geral, excluindo, é claro, os grupos que tem um risco um pouco mais aumentado, o rastreamento tem indicação a partir dos 50 anos e o exame mais conhecido é a Colonoscopia, mas existem outros métodos de rastreio também. Não só a Colonoscopia, por exemplo, pode se associar alguns exames para detectar sangue oculto nas fezes e associar esse exame com a Retossigmoidoscopia em cada 5 anos por exemplo, então esses exames nas fezes para detecção do sangue oculto anual e a cada 5 anos fazer uma retossigmoidoscopia. A Retossigmoidoscopia avalia unicamente a parte final do intestino, que por coincidência é a localização mais acometida por neoplasias colorretais. Ela não chega a avaliar o intestino por completo que é o que a Colonoscopia permite fazer, mas ela consegue avaliar esta parte final que é onde tem o maior número de casos e tem uma morbidade muito menor, então tem um risco menor do que a Colonoscopia de maneira geral.

Olga Goulart – Doutor Herbert, normalmente quais são as queixas principais dos pacientes, os sinais que podem evidenciar um problema dessa natureza?

Dr. Herbert Almeida – Existe uma gama de sintomas que esses pacientes podem apresentar, mas os mais comuns é perda de peso, com sintomas constitucionais que a gente chama, o paciente pode ter dor, a dor pode ser tanto no abdome, em um caso mais avançado ela pode até ser referida nas costas, pode ser sangramento nas fezes, que chama muito a atenção do doente quando aparece sangue nas fezes, assim como alteração do calibre das fezes ou eventualmente até o paciente relatar que começa a ter dificuldade de defecar, não relata alteração no calibre das fezes, mas fala que, por exemplo, ia no banheiro todo dia e de repente começou a ir a cada 2 dias, a cada 3 dias, as vezes está indo a cada 4 dias, está precisando usar medicação laxativa para conseguir ir no banheiro, então esses são fatores que chamam a atenção.

Outra situação que as vezes pode ser detectado que é mais comum em fases mais iniciais, que é aquele paciente que vai fazer exame por outro motivo, exame de sangue e detecta, por exemplo, anemia em um paciente que já tem 40 anos, a gente já fica atento a possibilidade de neoplasia, de estar perdendo sangue em algum lugar pelo trato digestivo e quando vai investigar pode ser que detecte em um exame deste tipo.

Olga Goulart – Certo. Doutor, as pessoas que se queixam muito ao longo da vida de prisão de ventre ou mesmo de intestino mais preguiçoso deveriam investigar melhor essa situação ou além, obviamente de mudar os hábitos alimentares?

Dr. Herbert Almeida – O fato do paciente ter, quando o paciente tem uma obstipação de longa data, não vou dizer que atrapalha, mas termina perdendo um pouco o valor para a gente no rastreio como sintoma. Este paciente obviamente precisa de acompanhamento, a obstipação crônica é um problema e precisa ser tratado, existe tratamento e a maioria das vezes ele começa com uma mudança de hábito alimentar e o paciente precisa realmente procurar tratamento para esse problema específico.

Olga Goulart – Certo. Hereditariedade está entre os fatores de risco?

Dr. Herbert Almeida – Existe sim, as pessoas que tem um parente de primeiro grau acometido pela patologia eles tem um risco maior do que a população em geral e aqueles que tem parentes que já foram acometidos pelo câncer colorretal, inclusive o rastreio para o câncer de intestino nele deve começar mais cedo do que na população em geral.

Olga Goulart – Ok. Bom, nós já falamos aqui de alguns dos exames como uma forma de fazer um diagnóstico mais preciso, em termos de tratamento, doutor, existe um tratamento conservador ou normalmente indica-se a cirurgia?

Dr. Herbert Almeida – Como para todas as patologias de vísceras maciças que a gente chama, que são os tumores que não são hematológicos, a cirurgia tem um papel fundamental no tratamento, ou seja, sem a cirurgia virtualmente não existe a possibilidade de cura, então em algum momento esse paciente, se ele  iniciou um tratamento com intenção curativa, ele vai ter que ser submetido a uma cirurgia para retirar o tumor. O que acontece é que dependendo do grau de quanto está avançado ou não a doença, pode ser que ele precise fazer um tratamento antes, no caso do tumor de reto que tem uma localização mais baixa, pode ser que ele faça uma quimio ou radioterapia antes da cirurgia e dependendo do resultado do que vem depois da peça cirúrgica ainda pode ser complementada com quimioterapia. No resto do cólon normalmente o paciente é encaminhado direto para a cirurgia e depois é avaliado se tem necessidade ou não de fazer quimioterapia.

Olga Goulart – Daí a importância de um diagnóstico precoce, não é doutor? Já que existe esse risco de disseminação para outros locais como fígado, pulmão, enfim...

Dr. Herbert Almeida – Exato, quanto mais precoce for detectada a lesão e obviamente ela for detectada numa estádio que não tem disseminação para outros órgãos é melhor para o doente, o prognóstico é melhor.

Olga Goulart – E todo paciente que se submete a cirurgia, doutor, precisa usar aquela bolsa de colostomia?

Dr. Herbert Almeida – Na maioria das vezes não. Alguns pacientes vão ter que fazer uso da ostomia, seja ela colostomia ou uma ileostomia que é do intestino delgado, durante algum tempo e posteriormente elas serão desfeitas. A minoria dos casos, infelizmente, vai ter que ficar com a colostomia definitiva como parte da cirurgia com intenção curativa.

Olga Goulart – Ok. Em termos de prevenção que é uma palavra que a gente gosta muito de dizer, o que o senhor recomenda?

Dr. Herbert Almeida – Mudança de alguns hábitos de vida, como eu falei antes. O risco do câncer de maneira geral está muito relacionado com alguns hábitos que a gente tem, então em um paciente que fuma, parar de fumar, não é nem diminuir, ele tem que parar de fumar. Diminuir a ingestão de bebidas alcóolicas, mudar os hábitos alimentares de forma geral, diminuir a quantidade de carne vermelha (a dieta ocidental aparentemente está relacionada com o aumento do risco do câncer colorretal) e praticar atividades físicas, e além disso, como eu falei entre os grupos de maior risco e para os de menor risco já existem métodos de rastreio que são estabelecidos que é a Colonoscopia a cada 10 anos, a Retossigmoidoscopia a cada 5 anos, combinado ou não com o teste de pesquisa de sangue nas fezes.

Olga Goulart – Ok. Doutor Herbert muito obrigada e até a próxima dica aqui no Viva Mais.