Nossas Entrevistas
Cirurgia Oncológica
Tema: Câncer Colorretal
Por Dr. Herbert Almeida
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Olga Goulart – Um estudo divulgado pela Sociedade Americana de Câncer, a ACS, na sigla em inglês, e publicada no periódico científico Jornal of the National Cancer Institute, revela que o número de casos do tumor colorretal, antes mais comum entre os idosos, está aumentando entre os mais jovens e as pessoas de meia idade. De cada dez paciente diagnosticados com a doença, três têm idade inferior a 55 anos. E, para esclarecer melhor sobre esse assunto, quem conversa conosco hoje é o doutor Herbert Almeida, especialista em cirurgia oncológica. Doutor, primeiramente explica para os nossos ouvintes porque que esse número de casos de câncer colorretal vem aumentando entre os jovens. Tem uma explicação?
Doutor Herbert Almeida – Bem, o estudo não fecha uma causa específica, porém sugere que a mudança epidemiológica, com o aumento dos casos em pacientes jovens, deve está relacionada aos hábitos de vida contemporânea, com sedentarismo, levando ao sobrepeso, associado ao tabagismo e etilismo excessivo, alto consumo de carnes vermelhas e baixa ingesta de fibras.
Olga Goulart – Esse panorama americano é preocupante também aqui na nossa região, aqui no Brasil, doutor?
Doutor Herbert Almeida – Certamente, apesar do estudo levar em consideração dados dos Estados Unidos, considerando que a nossa cultura compartilha muitos hábitos e tendências de lá, devemos ficar atentos ao possível aumento dos casos em pacientes jovens aqui no Brasil também.
Olga Goulart – Tem como o paciente desconfiar que tem essa doença doutor? O câncer colorretal apresenta sintomas na fase inicial?
Doutor Herbert Almeida – Existem sinais e sintomas de alerta, sim, que podem estar presentes nas fases iniciais, apesar disso não ser uma regra. Dentre os sinais e sintomas eu destaco anemia, presença de sangue nas fezes, bem como a dificuldade progressiva para defecar.
Olga Goulart – Com relação ao sangramento, a doença hemorroidária é um problema bastante comum também e causa sangramento. Tem como identificar, no exame clínico, se o paciente tem um problema de hemorroida ou alguma doença mais séria como esse câncer? Como proceder nesses casos?
Doutor Herbert Almeida – A doença hemorroidária é detectável em exame físico ambulatorial, sim, porém, a depender do caso clínico, as duas doenças podem estar presentes ao mesmo tempo, então isso se torna impossível afastar o câncer sem o uso de exames complementares endoscópicos.
Olga Goulart – É correto afirmar, doutor, que muitas vezes o câncer colorretal se inicia com o surgimento de pólipos? Qual que é a importância de se retirar essas lesões benignas quando descobertas e como é que é feito esse procedimento?
Doutor Herbert Almeida – Sim, apesar dos quadros hereditários, a maioria dos pacientes desenvolvem o câncer de intestino a partir de pólipos, inicialmente benignos, que posteriormente vão sofrendo mutações que levam a degeneração maligna. A importância de tirar esses pólipos é exatamente para poder diagnosticar se ele é benigno e eventualmente já tratar no início da doença e essa ressecção pode ser feita por colonoscopia, que é um exame menos invasivo, endoscópico, e que permite tratar a maior parte dessas lesões.
Olga Goulart – Quando e com que frequência também essa colonoscopia é indicada, qualquer pessoa pode realizar esse exame?
Doutor Herbert Almeida – Colonoscopia está indicada em qualquer paciente que se suspeite estar com câncer colorretal ou por rastreio do próprio câncer. Para a maior parte da população, esse rastreio está indicado a partir dos 50 anos, nos pacientes com história familiar, a partir dos 40 anos ou 10 anos antes da idade do caso mais jovem na família, então, se o paciente teve um pai acometido com 45 anos, ele deve começar a fazer o rastreio com 35.
Olga Goulart – Doutor Herbert, apenas a colonoscopia seria capaz de diagnosticar um tumor colorretal?
Doutor Herbert Almeida – Não, a colonoscopia é o método endoscópico mais completo, porque ela permite investigar todo o intestino grosso, porém tumores mais distais, na parte do lado esquerdo, existe a possibilidade de fazer diagnóstico com retossigmoidoscopia que é como a colonoscopia só que um exame mais restrito, mais limitado.
Olga Goulart – Após diagnosticado um câncer colorretal quais são os tratamentos disponíveis?
Doutor Herbert Almeida – Algumas lesões muito iniciais, como eu falei, podem ser tratadas por colonoscopia, para as lesões maiores, a cirurgia combinada, ou não, a quimioterapia e a radioterapia é a regra no tratamento com intenção de curar ou para obter melhor controle dos sintomas nos casos incuráveis.
Olga Goulart – Bom, nós recebemos aqui, doutor, algumas perguntas através das nossas redes sociais e gostaríamos que o senhor esclarecesse a pelo menos algumas delas. Uma é a seguinte: “tenho percebido muitos casos de câncer sendo diagnosticados em pessoas muito jovens ainda, a que se dá esse fato, doutor?”.
Doutor Herbert Almeida – O aumento dos casos em pacientes jovens possivelmente está relacionado aos hábitos de vida contemporâneos, sedentarismo, levando ao excesso de peso, tabagismo, etilismo excessivo, alto consumo de carnes vermelhas e baixa ingesta de fibras, que é inclusive o que é interrogado na pesquisa que foi feita nos Estados Unidos.
Olga Goulart – E tem uma outra pergunta que é a seguinte: “doutor, é correto afirmar que o câncer se desenvolve mais rápido nos pacientes mais jovens?”
Doutor Herbert Almeida – Não temos nenhum dado que nos permita afirmar isso, o que é muito provável é que os pacientes mais jovens por estarem fora da faixa etária de alvo do rastreio, atualmente, eles terminam sendo diagnosticados em estágios mais avançados.
Olga Goulart – Para finalizar doutor, como é que as pessoas mais jovens, portanto, poderiam se prevenir contra o câncer colorretal?
Doutor Herbert Almeida – A principal prevenção consiste na mudança de alguns hábitos de vida. Parar o tabagismo, minimizar a ingesta de bebidas alcoólicas, mudar os hábitos alimentares e praticar atividades físicas, além disso para os pacientes com história familiar, deve está atento ao início do rastreio, preferencialmente com colonoscopia, 10 anos antes do caso mais novo na família.
Olga Goulart – Ok, conversamos com doutor Herbert Almeida, médico especialista em cirurgia oncológica. Doutor, muito obrigada, até a próxima!