Nossas Entrevistas
Oncologia Clínica
Tema: Câncer de Colo de Útero
Por Dra. Renata Cangussú
(071) 40... Ver mais >
- (071) 4009-7070
- Central de agendamento - NOB - Núcleo de Oncologia da Bahia
- Outros contatos e endereços
Olga Goulart – O câncer do colo do útero é o terceiro tipo de câncer mais comum entre as mulheres, somente no ano de 2014, por exemplo, o INCA (Instituto Nacional do Câncer) estimou o aparecimento de mais de 15 mil novos casos no Brasil. Apesar de ser uma doença silenciosa, as lesões precursoras do câncer podem ser identificadas através de exames preventivos. Portanto, falar de prevenção é uma medida inteligente e hoje nós conversamos com a oncologista doutora Renata Cangussú do Núcleo de Oncologia da Bahia.
Doutora, quais são os fatores de risco para o desenvolvimento do câncer do colo do útero?
Dra. Renata Cangussú – O principal fator de risco é a infecção pelo vírus HPV, que é um vírus transmitido principalmente sexualmente, além disso existe também a quantidade de parceiros, quanto maior a quantidade de parceiros que a mulher tenha maior é o risco e o tabagismo também é um fator de risco importante.
Olga Goulart – Bom, então vale ressaltar a condição da vacina do HPV, que inclusive para a nossa alegria recentemente disponibilizada para uma faixa etária através da rede pública.
Dra. Renata Cangussú – Exato, é importantíssimo. Essa é uma das principais formas de prevenção atualmente, além do próprio exame preventivo, a vacina veio agregar um importante papel na prevenção do câncer de colo uterino. Atualmente ela está disponível na rede pública sob a forma da apresentação de quádrupla, que existem duas apresentações da vacina, bivalente e a tetravalente. A disponível no serviço público é a tetravalente e está disponível para meninas entre 9 e 11 anos.
Olga Goulart – Quais são os sintomas, doutora, que a mulher apresenta, quando já tem indício de câncer do colo do útero?
Dra. Renata Cangussú – Você pode ter dor durante o relacionamento sexual, pode ter corrimento vaginal, sangramento vaginal, dor na parte mais baixa do abdome, esses são os principais.
Olga Goulart – O diagnóstico, além claro de uma boa anamnese clínica, quais são os outros exames solicitados para se fechar bem um diagnóstico?
Dra. Renata Cangussú – O principal exame para o diagnóstico é exatamente o exame do preventivo, que é o exame Papanicolau. Durante ele, é identificada a lesão e feito então a biópsia para ter o diagnóstico confirmatório da doença.
Olga Goulart – Bom, por mais que a gente fale da necessidade dos exames preventivos, existem pessoas que realizam e não procuram depois o resultado desses exames, não submetem esses resultados ao médico. É um erro muito comum, não doutora?
Dra. Renata Cangussú – É, infelizmente isso ainda acontece muito e a gente perde a oportunidade de curar a doença quando a gente deixa de pegar o resultado do exame. Porque durante o exame preventivo quando você identifica uma lesão é feita a biópsia, você pode então estar fazendo o tratamento e trazendo a cura de uma maneira muito mais precisa. Por isso quanto antes você tenha o diagnóstico é extremamente importante para que se consiga ter a cura.
Olga Goulart – E devemos fazer esses exames preventivos, o exame preventivo mais especificamente a cada ano?
Dra. Renata Cangussú – Sim, o exame preventivo é um exame que deve ser feito anualmente.
Olga Goulart – E a infecção por HPV, já que você citou como uma causa importante, não é? Ela tem um tratamento para ser curada e proteger a mulher para evoluir para um câncer de colo do útero?
Dra. Renata Cangussú – Sim. Antes do tratamento, só voltar a frisar que é importante saber que a eficácia da vacina é próxima do 100%, então é extremamente importante que quanto antes, quanto mais precoce na vida sexual da mulher, na verdade o ideal é meninas que não tenham sido nem expostas mesmo ao vírus, maior é a eficácia dessa vacina. Então quando a gente consegue fazer o esquema vacinal completo ela tem uma proteção muito próximo de 100%. Apesar de que mesmo essas mulheres vacinadas de maneira completa, não são liberadas de fazer o exame preventivo anualmente, elas devem continuar a fazendo o rastreamento da mesma maneira porque existem outros tipos de vírus que não estão envolvidos na vacina e que também podem trazer doenças, por isso devem continuar o mesmo rastreamento. E uma vez diagnosticada a infecção pelo HPV é altamente tratável e curável.
Olga Goulart – O câncer de colo do útero, doutora, tem cura?
Dra. Renata Cangussú – Sim, com certeza. Quando diagnosticável precocemente o câncer de colo uterino é curável. Ele só não tem cura quando ele sai do local do colo uterino e vai para outros órgãos, aí já é uma doença muito mais avançada, mas quando diagnosticada precocemente é uma doença altamente curável.
Olga Goulart – E em que consiste o tratamento?
Dra. Renata Cangussú – O tratamento vai depender de que estágio foi diagnosticado. Quando é uma doença bem inicial o tratamento se baseia inicialmente em cirurgia. Depois quando ele já está um pouco mais avançado o tratamento passa a ser baseado em quimio e radioterapia. Se for diagnosticado em uma fase ainda mais avançada aí normalmente o tratamento é apenas quimioterapia.
Olga Goulart – Existe o risco do tratamento afetar a fertilidade?
Dra. Renata Cangussú – Existe. Existe o risco porque a cirurgia é feita inicialmente com retirada do útero e normalmente retirada de ovários, então a mulher durante o tratamento ela não vai ter mais condições de fertilizar não, por conta do tratamento.
Olga Goulart – Bom, de que maneira é feito o tratamento e quais são as novidades inclusive, já que você é de um núcleo importante aqui na Bahia, em termos de novidade o quê que nós temos do tratamento?
Dra. Renata Cangussú – Então, o tratamento inicial é cirurgia, posteriormente a gente pode precisar fazer quimio e radioterapia e mais adiante ainda fazer apenas quimioterapia. Na parte de quimioterapia em termos de drogas, a gente tem drogas novas que estão disponíveis, que foram identificadas como trazendo uma maior vantagem para o câncer de colo uterino e a gente vem agregando o maior benefício ao tratamento sistêmico. Então com a quimioterapia a gente tem taxas melhores de respostas com essas drogas mais modernas, trazendo ainda maior chance de resposta e redução do tumor atualmente.
Temos também algumas drogas conhecidas como drogas Alvo Moleculares que também foram recentemente incorporadas ao tratamento de câncer de colo uterino porque também vieram a melhorar a resposta do tratamento.
Olga Goulart – Doutora Renata muito obrigada e até a próxima dica aqui no Viva Mais Viva Melhor.