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Psiquiatria

Vídeo Completo – Série Dependência Química

Por Dr. Rogério Santos

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Viva Mais Viva Melhor – O que é a dependência química? Ela pode ser considerada uma doença?
Dr. Rogério Santos – De acordo com a organização mundial de saúde, a dependência química é uma doença fatal, crônica e que pode ser tratada. Trata-se de um problema de saúde pública, que afeta milhões de indivíduos pelo mundo, está caracterizado pelo uso de uma substância com o intuito de obter algum tipo de prazer ou satisfação, ou alívio de algum sentimento ou algum sintoma psicológico ou emocional. A dependência química é, sem dúvida alguma, uma doença porque ela se caracteriza por uma síndrome, diversos sintomas associados em um indivíduo que está buscando numa substância a resposta para algum tipo de problema. O uso da substância em si, não caracteriza a doença, mais sim a forma de que aquela substância é usada, e os impactos que o uso daquela substância causará na vida do indivíduo.

Viva Mais Viva Melhor – Quais os sintomas da dependência química?
Dr. Rogério Santos – Os principais sintomas que caracterizam a dependência química são: a tolerância, isto é, a necessidade de doses cada vez maiores da substância para se obter o mesmo efeito inicial que a droga oferecia, e a síndrome de abstinência, que são os sintomas advindos da interrupção do uso da substância, toda vez que o indivíduo para de usar começa a ter sintomas, sejam eles físicos ou sejam eles psicológicos. Além desses dois sintomas principais, existe ainda, uma lista de coisas que esse indivíduo apresenta que pode caracterizá-lo como dependente químico, tais como, o gasto excessivo de tempo em busca da substância, o uso da substância a despeito de saber todos os males que ela faz para sua saúde, abrir mão de outras atividades outrora prazerosas, como o convívio com a família, convívio social, vínculos laborativos, além disso, esse indivíduo pode começar a ter alterações do comportamento, que podem surgir tanto do uso quanto da falta da substância, todos esses sintomas analisados conjuntamente, estão presentes desde o início do uso de uma substância, quando o indivíduo é apenas um experimentador, passando por um usuário ocasional habitual até tornar-se um dependente químico.

Viva Mais Viva Melhor – Como é o tratamento da dependência química?
Dr. Rogério Santos – O tratamento da dependência química ocorre em vários estados, inicialmente uma abordagem ambulatorial, onde o psiquiatra na consulta detecta a doença e institui um tratamento medicamentoso para os sintomas da abstinência, e faz o encaminhamento necessário para o uso da psicoterapia como estratégia coadjuvante do tratamento, se essa estratégia não funciona, estratégias semi-intensivas podem ser utilizadas como a frequência aos escapes, que são centros de apoios psicossocial, ou ao hospital dia, que é o ambiente onde o indivíduo passa o dia fazendo atividades terapêuticas e psicológicas, e retorna a noite para sua casa. Se ainda assim, nós não conseguimos interromper o processo, encaminhados o indivíduo para o internamento, que pode ocorrer em duas modalidades: a voluntária, quando o indivíduo tem consciência da gravidade da sua doença, e portanto decide se internar para se afastar do ambiente da droga e poder aplicar-se em estratégias terapêuticas no uso de medicação e na diminuição dos sintomas de abstinência, ou a modalidade involuntária, quando o indivíduo que perdeu a capacidade de decidir sobre usar ou não usar, está colocando sua vida em risco, e assim cabe a família internar esse indivíduo para salvar a vida, inicialmente, causar a desintoxicação desse indivíduo e, em terceiro lugar, sensibilizá-lo para necessidade da vinculação e do tratamento.

Viva Mais Viva Melhor – Qual a importância da família na recuperação de dependentes químicos?
Dr. Rogério Santos – O papel da família é fundamental, tanto no tratamento quanto na recuperação de um dependente químico. Sabendo que a dependência química é uma doença crônica e incurável, é preciso entender que o tratamento passa pelo abandono da substância, mas também pelo processo de mudança de comportamento do paciente, mas também dos seus familiares, que muitas vezes acabam sendo codependentes no processo da doença, acabam sendo permissivos, acabam sendo tolerantes e em nome do amor acabam facilitando o processo da doença. Esses indivíduos precisam ser tratados, mas esse familiar também deve ser tratado em grupos de alta ajuda, em grupos terapêuticos em psicoterapia individual, para que ele possa dar o suporte necessário para, após o paciente abandonar a substância, voltar ao seu seio familiar e entender que outros comportamentos precisam ser praticados a partir daquele momento. Não há tratamento do dependente químico se a família não estar coesa porque a família foi destroçada inicialmente e precisa se reerguer, juntamente com esse indivíduo.

Viva Mais Viva Melhor – A dependência química tem cura?
Dr. Rogério Santos – A dependência química não tem cura! Mas ela tem tratamento, toda vez que o indivíduo se afasta da substância ele evolui bem, ela passa a não depender da substância, mas a qualquer momento sentimentos de desejo do uso da droga podem reaparecer, então a doença assim é incurável, mas o tratamento que passa pelo afastamento da substância pode fazer com que esse indivíduo desenvolva ferramentas ao longo do tempo para não mais retornar ao uso da droga. Essas ferramentas passam pelo uso de medicamentos, pela procura de psicoterapia, pela procura de grupo de mútua ajuda, pela procura de apoio espiritual, pela procura de apoio familiar e de amigos mas tudo isso junto faz com que esse indivíduo consiga manter-se afastado da droga apesar de não haver cura para a doença o tratamento de modo geral é bastante eficaz.