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Infectologia PUBLICADO EM 20/01/2016Zika Vírus pode se espalhar rapidamente nas Américas
Saiba como se prevenir contra o mosquito Aedes Aegypti
Transmitido pelo mosquito Aedes Aegypti – o mesmo que espalha a Dengue e a Chikungunya – o Zika Vírus pode se espalhar rapidamente pelas Américas. Ligado ao nascimento de crianças com microcefalia no Brasil, o mosquito já está chegando em partes dos Estados Unidos, foi o que informou uma equipe internacional de pesquisadores em uma carta para a The Lancet, uma das mais importantes publicações científicas na área médica.
Na carta, os especialistas que acompanham a propagação de doenças infecciosas divulgam que “a presença do mosquito Aedes em toda a América Latina, juntamente com condições climáticas adequadas, tem provocado uma epidemia de vírus Zika no Brasil, atualmente estimada em 440 mil a1,3 milhões de casos”.
Em novembro de 2015, o Ministério da Saúde registrou um aumento nos casos de bebês nascidos com microcefalia ligada à infecção por Zika durante a gravidez. Houve um aumento de 20 vezes no número de bebês nascidos com a doença desde que a Zika apareceu pela primeira vez no Brasil em maio de 2015. As autoridades brasileiras estão investigando 2.401 casos microcefalia, com 134 casos confirmados como ligados à infecção pelo vírus Zika. Eles também estão investigando uma possível ligação entre Zika e a síndrome de Guillain-Barré e outros eventos neurológicos.
Dr. Kamran Khan, especialista em doenças infecciosas da Universidade de Toronto e do Hospital de São Miguel, Canadá, observa que “é preciso aumentar a conscientização sobre o vírus, principalmente durante os Jogos Olímpicos no Brasil em agosto de 2016”.
Para prever onde o vírus pode se espalhar, Dr. Khan e seus colegas mapearam os destinos finais dos passageiros que partem de aeroportos no Brasil entre setembro de 2014 e agosto 2015. Dos 9,9 milhões de passageiros, 65% estavam viajando para as Américas, 27% na Europa e 5% para a Ásia. Os maiores volumes dos viajantes estavam nos EUA, seguido por Argentina, Chile, Itália, Portugal e França. Na Ásia, o maior volume de viajante estava na China e na África, foi em Angola.
Os especialistas também mapearam a geografia dos mosquitos que podem transportar Zika combinado com um modelo das condições climáticas necessárias para que o vírus se espalhar de mosquito para humano. O resultado sugere que mais de 60% das populações dos EUA, Argentina e Itália vivem em áreas favoráveis para a propagação do vírus sazonal Zika. No México, existem 30,5 milhões, na Colômbia, 23,2 milhões, e nos EUA, há 22,7 milhões de pessoas que vivem em áreas onde o vírus possa se espalhar durante todo o ano.
Dr. Isaac Bogoch, um especialista em doenças infecciosas tropicais no Hospital Geral de Toronto, Canadá, que participou na pesquisa de mapeamento, conclui:
“O mundo em que vivemos é muito interligado. As coisas não acontecem mais de forma isolada. Infecções dos cantos mais distantes do mundo podem chegar rapidamente à nossa porta”.
O vírus é nativo às partes de África e da Ásia, mas chegou no Brasil através de viajantes infectados, que espalharam o vírus para outros países das Américas. De acordo com as informações mais recentes da Organização Pan-Americana da Saúde, o vírus Zika está agora se espalhando localmente – isto é, não importado através de viajantes – em 17 países e territórios da região: Brasil, Colômbia, Equador, El Salvador, Guiana Francesa, Guiana, Guatemala, Haiti, Honduras, Martinica, México, Panamá, Porto Rico, Paraguai, São Martinho, Suriname e Venezuela. Não existe vacina nem tratamento antiviral para o vírus.
Dicas da Organização Pan-Americana da Saúde incluem:
– Usar mangas compridas, calças compridas e chapéus;
– Usar repelente de mosquitos conforme indicado pelas autoridades de saúde e de acordo com as instruções do rótulo;
– Use roupas e equipamentos tratados com permetrina (tais como botas, calças, meias e tendas);
– Dormir em quartos com ar-condicionado;
– Identificar e eliminar possíveis criadouros do mosquito.