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Oncologia Clínica PUBLICADO EM 20/10/2015Proteína da malária apresenta potencial para tratar o câncer
Pesquisadores demonstraram que é possível anexar drogas anticâncer à proteína da malária e usá-las para tratar tumores
Cientistas da Universidade de British Columbia (UBC), em Vancouver, Canadá, estudam uma droga que combina uma proteína do mosquito que transmite a malária com uma toxina anticancerígena. Essa junção mostrou um elevado grau de sucesso para matar células cancerosas e eliminar tumores em ratos. A pesquisa foi publicada na revista Cancer Cell.
Os pesquisadores demonstraram, através de mulheres grávidas, que é possível anexar drogas anticâncer à proteína da malária e usá-las para tratar tumores, tendo como alvo uma molécula de açúcar. As mulheres grávidas são particularmente vulneráveis ao parasita da malária porque produzem uma proteína que se liga facilmente a uma molécula de açúcar na placenta. E esta mesma molécula de açúcar também é encontrada na maioria dos cânceres. A evidência para isso só veio à tona recentemente, através do autor sênior Mads Daugaard, professor assistente de ciência urológica na UBC.
“Os cientistas passaram décadas tentando encontrar semelhanças bioquímicas entre o tecido da placenta e o câncer, mas nós simplesmente não temos a tecnologia para encontrá-lo”, revela Daugaard.
Uma vez que a equipe descobriu que o parasita da malária usa uma proteína que produz o chamado VAR2CSA para incorporar-se na placenta, imediatamente viram o potencial para usar o processo como uma forma de direcionar medicamentos contra o câncer.
Seis camundongos, implantados com 3 tipos de câncer, foram utilizados nos estudos. Os pesquisadores – conscientes da ironia de que uma doença mortal oferece os meios para curar outra – testaram as suas ideias de duas maneiras: primeiro em linhas celulares e, em seguida, em camundongos, usando uma droga que combina a proteína da malária com uma toxina anticâncer.
Em linhas de células, eles descobriram que essa combinação, especificamente orientada, matou mais de 95% das linhas celulares de câncer. Além disso, os ratos não apresentaram efeitos colaterais e os seus órgãos estavam ilesos. O co-autor sênior da pesquisa, Poul Sorensen, conclui que “esta é uma descoberta extraordinária que abre o caminho para o direcionamento de moléculas de açúcar no câncer humano”.
Em tempo, duas empresas, uma em Vancouver e outra em Copenhague, na Dinamarca, onde alguns dos pesquisadores se baseiam, estão desenvolvendo a droga e preparando-a para testes em humanos, em aproximadamente 4 anos.