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Ginecologia e Obstetrícia PUBLICADO EM 23/02/2018

Endometriose vai além do útero

Doença apareceu na mídia após histerectomia da atriz e roteirista Lena Dunham

Participação do Dr. Alan Coutinho, médico especialista em ginecologia e obstetrícia

Endometriose vai além do útero

No início do mês de fevereiro de 2018, uma doença exclusiva das mulheres, ficou mais conhecida através da atriz e roteirista, Lena Dunham, de 31 anos, que extraiu o útero para tentar solucionar as dores provocadas pela endometriose. O procedimento impede a criadora da série ‘Girls’, de 31 anos, de engravidar naturalmente. Associada à menstruação, a doença é considerada, pela Organização Mundial de Saúde (OMS), como a maior causa de infertilidade feminina. Porém, a histerectomia (retirada total do útero) não é a única solução para acabar com o sofrimento dessas mulheres, principalmente das que estão em idade reprodutiva.

“A endometriose é uma ‘menstruação interna’, é quando a mulher ‘sangra por dentro’. É uma doença do endométrio, o tecido que reveste a cavidade interna do útero, e acontece quando esse endométrio se desenvolve e cresce fora do útero, podendo existir menstruação no ovário, na bexiga, no intestino, na vagina, nos ligamentos do útero, na cicatriz da cesárea e até mesmo menstruação pelo umbigo”. (Alan Coutinho, médico especialista em ginecologia e obstetrícia)

O principal mecanismo para o surgimento da doença é a menstruação retrógrada ou refluxo menstrual. O útero tem 3 orifícios, um é o orifício do colo do útero e os outros dois são os orifícios das tubas uterinas. Quando a mulher menstrua, o sangue sai principalmente pelo colo do útero e é chamado de menstruação. Contudo, uma parte deste sangramento passa pela tuba uterina e cai dentro da barriga. Este sangramento é chamado de menstruação retrógrada, a principal causa do surgimento da endometriose.

Vale lembrar, que a endometriose prejudica a capacidade de engravidar por diferentes mecanismos: promover a inflamação dos ovários, prejudicando a ovulação e a qualidade dos óvulos; causar alterações na anatomia ou na função das tubas uterinas, não deixando acontecer o encontro entre o espermatozoide e o óvulo; ou impedir que o ovo fecundado pelo espermatozoide seja fixado ou cresça na cavidade do útero, porque essa cavidade é revestida por um endométrio, muitas vezes, adoecido.

Mas engana-se quem pensa que a mulher com endometriose não possa engravidar. Ela pode engravidar, sim, inclusive mais da metade das mulheres com endometriose engravida ou já engravidou de forma espontânea. “Porém, de cada 10 mulheres com endometriose, quatro necessitam de tratamento, que pode ser medicamentoso, cirúrgico ou por técnicas de reprodução humana. O importante é que se tenha um diagnóstico rápido, com a classificação do grau de severidade da doença e realize o tratamento mais precoce possível”, explica o Dr. Alan Coutinho.

É importante destacar, que a retirada do útero e dos ovários, em determinada fase, pode resolver ou não a endometriose “porque depende do local ou dos locais onde estão os focos da doença. Por exemplo, se as lesões estiverem apenas no útero ou no ovário, a retirada destes órgãos pode levar a cura, mas se a doença estiver em outros tecidos, como bexiga, intestino e reto, mesmo após a retirada do útero a paciente pode continuar sentindo dor”, finaliza o Dr. Alan Coutinho. Portanto, essa é uma decisão que deve ser muito bem pensada, em conjunto com o médico especialista, se for realmente o único recurso.

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