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Oncologia Clínica PUBLICADO EM 18/04/2017

A atuação da genética no câncer de mama

Quando realizar mastectomia em pacientes com forte histórico familiar

Participação do Dr. César Machado, cirurgião oncológico do Núcleo da Mama

A atuação da genética no câncer de mama

Estima-se que 5% a 10% dos tumores malignos tenham origem hereditária. Mas como saber se a pessoa pode herdar ou passar os genes que predispõem ao câncer? A especialidade médica que trata desta importante aliada na prevenção é a Oncogenética. Ao detectar algum tipo de predisposição hereditária ao câncer, em alguns casos, pode-se intervir para evitar o desenvolvimento da doença.

Especificamente com relação ao câncer de mama, considera mulheres de alto risco quando há mutação dos genes BRCA1 e BRCA2, responsáveis pela defesa contra o câncer no organismo. Neste caso, o risco de desenvolver um câncer de mama durante a vida aumenta para até 90%. “A mulher que desenvolve um câncer por mutação genética pode desenvolver um câncer mais agressivo, com crescimento mais rápido do que o câncer chamado de esporádico”, explica Dr. César Machado, especialista em Cirurgia Oncológica e Mastologia do Núcleo da Mama.

Os genes BRCA1 e BRCA2 são relacionados à defesa de diversos tipos de cânceres, portanto, estão associados ao aumento de risco de diversos tipos de cânceres, sendo que o principal órgão é a mama. Em segundo lugar, o ovário, mas em uma frequência menor, além de outros tipos, como estômago e próstata.

Existem critérios para se suspeitar da mutação e fazer o teste genético. Portanto, não é toda a população, não é toda a mulher, que tem indicação de fazer a tipagem para determinar a mutação. É no consultório do mastologista que se identifica a história clínica da paciente e, a partir daí, em caso de suspeita, o profissional irá orientar a mulher a procurar um oncogeneticista, que deverá fazer a solicitação para o teste genético e toda a orientação emocional e psicológica inerente.

“O aspecto emocional é muito importante, pois o que se tem de principal ferramenta na prevenção é a mastectomia profilática, a retirada das duas mamas. O impacto é muito grande e a paciente tem que estar ciente. Os pontos negativos são a perda da sensibilidade, ou seja, o quanto a sensibilidade mamária é importante na vida sexual dela para atingir o orgasmo, e o resultado estético não é exatamente igual ao da cirurgia plástica estética”, acrescenta Dr. César Machado.

Acompanhamento após descoberta
Muitas vezes, após a mãe ter sido diagnosticada com câncer de mama, a filha faz o teste e descobre a mutação genética. Porém, algumas mulheres não aceitam realizar a cirurgia imediatamente. Nesses casos, a melhor conduta adotada é o acompanhamento regular desta paciente. Além da mamografia anual, faz-se a ressonância magnética das mamas. Geralmente, intercalando, a cada 6 meses, o acompanhamento desta mulher com exame de imagem e o exame clínico.

Em casos em que a mutação é descoberta muito cedo, quando a menina tem 15 anos, por exemplo, não faz a cirurgia nesta idade. Apesar de não existir uma idade determinada consensual, o que se recomenda é que espere a maturidade, espere a vida adulta. De preferência, se a mulher casa cedo, que ela tenha filho e amamente para depois fazer a cirurgia, já que não existe a condição de amamentação pós-cirurgia.

Caso Angelina Jolie
Desde que a atriz Angelina Jolie anunciou que tinha feito a cirurgia para a retirada dos seios em função do risco de um câncer de mama, esse assunto gerou várias dúvidas em algumas pessoas. Muitas pacientes, desejosas de uma cirurgia plástica estética, chegavam nos consultórios pedindo ‘a cirurgia de Angelina Jolie’. “Porém, cabe ao profissional explicar que a finalidade da cirurgia é reduzir o risco da doença. Claro que existe uma preocupação estética, mas o foco primário da cirurgia é a redução de risco da doença”, revela Dr. César Machado.

Em termos de proteção, o que os estudos mostram é que a cirurgia reduz em 90% o risco dessa mulher desenvolver o câncer de mama. Por ser uma cirurgia altamente agressiva, com todo o impacto emocional e estético na vida da mulher, no sentimento de feminilidade, sexualidade, maternidade, é importante que essa mulher tenha um apoio psicológico após a decisão para definição da cirurgia.

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