Nossas Entrevistas
Cirurgia Oncológica
Tema: Câncer de Pâncreas
Por Dr. Alexandre Albuquerque
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Olga Goulart – O pâncreas que é uma glândula localizada na região superior do abdome, atrás do estômago, que faz parte do nosso sistema digestivo, produz hormônios como a insulina e as enzimas digestivas que são fundamentais para o bom funcionamento organismo. Agora neoplasia maligna do pâncreas é uma doença silenciosa, ela é muito agressiva e com taxas altas de mortalidade, sendo responsável por aproximadamente 7700 mortes por ano no Brasil. Devido a essa situação muito comum e que às vezes é subdiagnosticada, nós vamos aprender com o doutor Alexandre Albuquerque agora quais são os cuidados que nós devemos ter a partir de alguns sintomas que podem se confundir com doenças comuns do nosso dia a dia e a gente acabar se esquecendo ou deixando para lá a consulta com o especialista.
Doutor, ainda é subdiagnosticado em função disso que acabei de falar, não é? Pelos sintomas se confundirem muito com problemas que são comuns do nosso dia a dia, não?
Dr. Alexandre Albuquerque – Exatamente. O pâncreas por estar localizado na região mais posterior do abdome, muitas vezes um dos primeiros sintomas que é a dor abdominal, ela deixa de ser melhor investigada por as vezes o médico não habituado e também o paciente muitas vezes acaba confundindo os sintomas com sintomas mais comuns, como por exemplo decorrente da gastrite ou decorrente de uma situação como a dispepsia, as vezes você se confundir até com gases mesmo. Então muitas vezes acaba o paciente procurando o médico numa situação em que já está há algum tempo sentindo aquela dor, uma dor que vai se tornando crônica e vai começando a exigir o uso de medicações cada vez mais forte para dor e isso quando acaba chegando no médico já vai se manifestar, já vai chegar numa situação em que a doença já está mais avançada.
Olga Goulart – E é um câncer bem agressivo, não doutor?
Dr. Alexandre Albuquerque – É muito agressivo, é um dos tumores infelizmente que quando diagnosticado mais tardiamente a chance de cura acaba sendo bem baixa.
Olga Goulart – Tem uma faixa etária que é mais acometida ou uma predileção, por exemplo, por sexo feminino ou masculino?
Dr. Alexandre Albuquerque – Não existe predileção por sexo, agora ele é muito mais comum a partir dos 60 anos você tem uma incidência bem maior da presença do tumor.
Olga Goulart – E como que é feito o diagnóstico, além obviamente de um bom exame clínico, não é? Que outros exames evidenciam com clareza um diagnóstico de câncer de pâncreas?
Dr. Alexandre Albuquerque – Então, a base de tudo é uma boa conversa, uma boa anamnese, para poder saber direcionar a nossa investigação, mas especificamente com relação a sua pergunta a gente tem que usar algum exame de imagem. Normalmente os exames que a gente usa para começar a investigação de uma dor abdominal é um ultrassom do abdome, mas o ultrassom pelas características próprias do exame ele não avalia muito bem o pâncreas. Então se você está suspeitando de que possa ter alguma lesão no pâncreas normalmente a gente acaba solicitando uma tomografia computadorizada do abdome ou uma ressonância e esses exames são mais específicos, a gente começa a detectar nódulos ou tumores no órgão de maneira mais detalhada. Mas é fundamental realmente uma boa avaliação clínica, porque como eu lembrei antes ele é um órgão que demora de dar sintomas, os sintomas são muitas vezes confundidos com outras situações clínicas, então realmente é importante uma boa avaliação.
Olga Goulart – Existe alguma coisa a se fazer em termos de prevenção, ou seja, os nossos hábitos de vida ou alimentação errada poderiam estar relacionados?
Dr. Alexandre Albuquerque – Tem sim. O principal hábito ligado ao desenvolvimento de tumor pâncreas é o tabagismo. O tumor de pâncreas é cerca de 6 ou 7 vezes mais comum na população fumante do que nos pacientes que não tem o hábito do cigarro. O etilismo crônico também está associado ao desenvolvimento do câncer de pâncreas. Atividades saudáveis previnem não somente o câncer de pâncreas, como também outros tumores, então tentar manter o peso adequado, evitando o excesso de peso, evitando o consumo muito grande de carnes e gorduras, tentando privilegiar alimentos mais naturais, frutas, verduras, legumes, folhas, então tudo isso diminui a chance de câncer globalmente e de pâncreas também, assim como traz outros benefícios em termos de qualidade de vida.
Olga Goulart – Bom, depois da gente saber desses cuidados que são extremamente importantes e a visita no médico ao menor sinal desses que nós comentamos, as pessoas procurarem um médico para fazer uma avaliação mais precisa, se ainda assim diagnosticada, as formas de tratamento são sempre cirúrgicas? Quais é a condição de um paciente que se submete a uma cirurgia de retirada de tumor de pâncreas?
Dr. Alexandre Albuquerque – Então Olga, o principal tratamento é o tratamento cirúrgico, é o tratamento que consegue fazer com que o paciente tenha chance de cura. Agora infelizmente em determinadas situações a cirurgia não é mais possível, porque o tumor já invadiu algumas estruturas que não tornam possível a sua retirada ou quando eles já se espalharam para outros órgãos e a gente chama de metástase. Então normalmente aí a gente precisa lançar mão de outros tratamentos que vão ajudar a combater esse tumor que seriam a quimioterapia e a radioterapia, mas a cirurgia continua sendo o principal tratamento nos casos que são passíveis de ressecção, de retirada do tumor.
Olga Goulart – Ok. Doutor Alexandre Albuquerque muito obrigada por sua participação aqui no Viva Mais e até uma próxima oportunidade.