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Editorial PUBLICADO EM 18/08/2017

MEC libera abertura de 11 novos cursos de medicina

Autorização pode ser um bom negócio para universidades, mas nem sempre pode ser bom para a saúde

MEC libera abertura de 11 novos cursos de medicina

Alegando necessidade de suprir a falta de médicos, o Governo Federal está liberando a abertura de novos cursos de medicina em todo o Brasil. Com isso, o Ministério da Educação (MEC) autorizou, no dia 01/08, a abertura de 11 novos cursos de medicina, que vão ofertar 710 novas vagas em municípios do Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Sul e Paraná. Outros 25 municípios (no Norte e Nordeste do Brasil) ainda terão cursos autorizados, totalizando 2,3 mil novas vagas em todo o país.

Já para o Conselho Federal de Medicina (CFM), não faltam médicos no País; o que existe é uma má distribuição destes profissionais e a falta de uma política para fixar médicos no interior. Para a entidade, abertura indiscriminada não ataca de frente os reais problemas para fixação dos médicos em áreas de difícil provimento no interior e nas periferias dos grandes centros, bem como desconsidera a qualidade da formação dos novos profissionais, expondo a população a uma situação de risco.

Sendo assim, há uma preocupação generalizada das entidades médicas, quanto a qualidade desses novos cursos de medicina ofertados. Nos últimos 12 anos, a quantidade de faculdades particulares de Medicina mais do que dobrou em relação ao ritmo de abertura de cursos públicos. De acordo com informações do Conselho Federal de Medicina (CFM), o número de escolas privadas passou de 64 para 154, enquanto no mesmo período as unidades estatais subiram de 62 para 103. É importante destacar, que 89 cidades que contam com escolas médicas não têm sequer hospital, ferramenta fundamental dentro do processo de ensino-aprendizagem.

Apesar da grande concentração de médicos ativos verificada nas regiões Sudeste (1/455 hab.), Sul (1/615 hab.) e Centro-Oeste (1/640 hab.), em relação às regiões Norte (1/1.345 hab.) e Nordeste (1/1.063 hab.), o MEC autorizou a abertura de dois novos cursos no Rio Grande do Sul, que passa a ocupar a sexta posição entre os Estados com mais vagas no Brasil, com 125 novas vagas. Outro exemplo está em São Paulo e Minas Gerais, estados onde estão concentradas ⅓ das instituições que oferecem o curso no país, nos quais o MEC autorizou a abertura de outros seis novos cursos (430 novas vagas).

Em tempo, um estudo feito pelo CFM alerta para o problema do crescimento desgovernado (e sem qualidade) que afeta a formação dos futuros médicos no país. Desde o ano 2000 até agora, foram abertas 168 faculdades para um total de 271. Esse dado aponta claramente um projeto irresponsável de mercantilização cada vez mais acentuada do ensino médico. Ao fazer um cálculo sobre o valor das mensalidades pagas por cada aluno nas faculdades privadas, cerca de R$ 5 mil por mês, cada instituição terá rendimentos de R$ 6 milhões ao ano, por 100 vagas oferecidas, somente com o curso de medicina. E o que concluir com tudo isso? A Medicina é um bom negócio para as Escolas Médicas e para os gestores que buscam ações midiáticas de alcance imediato, sem preocupação com uma política estruturante e com a boa prática médica.

Confira onde os cursos foram autorizados:

Paraná
Faculdade Integrada de Campo Mourão – 50 vagas
Faculdade de Pato Branco – 50 vagas

Rio de Janeiro
Universidade Estácio de Sá (Angra dos Reis) – 55 vagas

Rio Grande do Sul
Universidade Feevale (Novo Hamburgo) – 60 vagas
Universidade do Vale do Rio dos Sinos – Unisinos (São Leopoldo) – 65 vagas

São Paulo
Faculdade São Leopoldo Mandic (Araras) – 55 vagas
Uninove Guarulhos – 100 vagas
Uninove Mauá – 50 vagas
Uninove Osasco – 70 vagas
Uninove São Bernardo do Campo – 100 vagas
Faculdade Clarentiano (Rio Claro) – 55 vagas

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