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Ginecologia e Obstetrícia PUBLICADO EM 28/07/2017Aborto de Repetição: um problema que tem solução
Quadro pode ser revertido em até 85% dos casos, com o tratamento adequado
Participação do Dr. Manoel Sarno, médico especialista em medicina fetal
Engravidar e perder o bebê nas primeiras semanas de gestação já é bastante frustrante para a futura mamãe. Imagina se essa situação acontece três, quatro, cinco vezes consecutivas? A mulher engravida, mas não consegue manter a gestação até o fim. O aborto de repetição pode ter diversas causas e, muitas delas, tem tratamento e solução. Para isso, indica-se avaliação criteriosa do casal.
“É difícil ter uma causa porque é um problema multifatorial. O abortamento de repetição tem algumas categorias de possíveis fatores de risco, dentre eles os fatores hormonais, fatores imunológicos, fatores hematológicos, como as trombofilias, por exemplo, em que é uma tendência que a pessoa pode ter a formar coágulos no sangue e isso pode impedir o desenvolvimento do embrião e feto. Fatores genéticos, fatores ambientais – inclusive pode fazer essa investigação toda e, no final, não encontrar uma causa -, e os fatores idiopáticos. Na verdade, existe uma causa, mas ainda não foi possível identificá-las. A ciência está evoluindo para isso” (Dr. Manoel Sarno, médico especialista em medicina fetal).
O tratamento para o aborto espontâneo de repetição tem que ser multifatorial, já que existem vários fatores de risco. É preciso identificá-los e tratar especificamente cada um deles:
– Pode-se tratar com hormônio, por exemplo, com progesterona;
– Pode-se compensar um diabetes que não estava compensado previamente;
– Compensar uma função tireoidiana, um hipotireoidismo ou hipertireoidismo, para que esta mulher tenha uma gestação mais tranquila;
– Existem alguns tratamentos específicos com anticoagulantes, por exemplo, que vão diminuir a possibilidade de formação de coágulos no sangue;
– Existem também alterações imunológicas em que se pode usar imunossupressores, como o corticoide por exemplo;
– Ou também pode-se utilizar tratamentos imunológicos com imunoglobulina humana venosa ou até concentrados de leucócitos paternos.
A enfermeira, Luciana Martins, teve quatro abortos consecutivos, mas nunca perdeu a esperança em ser mãe. Pensou até em barriga de aluguel, mas após ler sobre o assunto procurou ajuda, fez tratamento e conseguiu gerar dois filhos. “Na primeira perda, a gente não procurou investigar muito porque achou que era o primeiro e eu engravidei novamente. Acho que com 17 semanas, eu tive uma rotura prematura de membrana da placenta, foi muito difícil porque já era a segunda perda. Eu tinha facilidade de engravidar, mas não conseguia segurar. Eu engravidei novamente e, quando achava que o feto estava com 11 semanas, fui fazer o ultrassom, a medida era de 9 semanas e sem batimentos cardíacos. E aí neste momento vem realmente o desespero. Você acha que não vai conseguir engravidar. Aí comecei a investigar mesmo. Em 2006 eu consegui engravidar do meu primeiro filho, foi cesárea, deu tudo certo… Quando o Pedro estava com 5 meses eu engravidei novamente. Não precisei fazer todo o tratamento, tomei as medicações e em agosto de 2008 nasceu o Lucas, que veio para completar a família e trouxe um temperinho diferente para a gente.”
O tratamento para o aborto de repetição vai depender dos resultados da investigação realizada com o casal e pode ser muito promissor. Cada casal tem que ser estudado e tratado de maneira individualizada e o quadro pode ser revertido em até 85% dos casos com o segmento adequado. “Não é só a questão do abortamento. Geralmente, os casais que têm abortamento de repetição também têm uma chance de ter outras complicações durante a gestação. Então o tratamento tem que ser individualizado. Cada casal é um caso, a gente vai ter que estudar mais aprofundadamente, mas eles conseguem reverter a situação em cerca de 85% das vezes, praticamente igual a um casal que não tem histórico de perda”, finaliza Dr. Manoel Sarno.