Nossas Entrevistas
Mastologia
Tema: Cirurgia Oncoplástica para Câncer de Mama
Por Dra. Gabriela Arruda
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Viva Mais Viva Melhor – A Cirurgia Oncoplástica da Mama é a associação do tratamento oncológico a correção estética da agressão cirúrgica, ou seja, o cirurgião plástico e o mastologista trabalham juntos antes, durante e após a cirurgia para retirada do tumor e também a reconstrução da mama. Para entender melhor sobre este procedimento, conversamos com a médica Dra. Gabriela Arruda, mastologista.
Drª Primeiramente, explica para os nossos ouvintes o que é a cirurgia Oncoplástica da Mama?
Drª. Gabriela Arruda – Bem, a cirurgia Oncoplástica, trata-se do conjunto de técnicas cirúrgicas que objetiva o tratamento oncológico das mamas, ou seja, o tratamento do câncer de mama integrado à reconstrução dessa mama, com ou sem a necessidade de abordagem da mama contralateral, portanto a Oncoplastia Mamária proporcionará o tratamento ideal para o câncer de mama, associado a um melhor resultado estético e funcional para esse paciente.
Viva Mais Viva Melhor – A Reconstrução Mamária e a Cirurgia Oncoplástica são a mesma coisa?
Drª. Gabriela Arruda – Não. A Oncoplastia Mamária possui um significado mais amplo já que visa primariamente o tratamento oncológico, porém utiliza técnicas de reconstrução mamária para atingir o melhor resultado estético e funcional, seja no remodelamento, nas cirurgias com ressecção parcial da mama ou na reconstrução completa, quando a mama é totalmente removida.
Viva Mais Viva Melhor – Drª qual a importância dessa junção, do cirurgião plástico com o mastologista? Qual o objetivo principal dessa Cirurgia Oncoplástica?
Drª. Gabriela Arruda – Essencial, a interação entre as equipes com discussão integrada sobre cada caso clínico permite um melhor tratamento para os nossos pacientes, lembrando que a Cirurgia Oncoplástica pode ser desenvolvida tanto pelos mastologistas com formação pras técnicas de reparação da mama (o meu caso por exemplo), quanto através da parceria dos mastologistas com os cirurgiões plásticos dedicados a reconstrução. O objetivo principal da Oncoplastia é o tratamento oncológico da paciente, o cuidado na promoção da melhor solução cirúrgica para os pacientes com câncer de mama.
Viva Mais Viva Melhor – E como é realizada a Cirurgia Oncoplástica? Existem técnicas diferentes?
Drª. Gabriela Arruda – O primeiro passo é uma avaliação individualizada de cada caso clínico, precisaremos definir a melhor cirurgia para o tratamento daquela paciente específica com aquele tipo de lesão, esse é um trabalho essencialmente artesanal. Nas cirurgias conservadoras, ou seja, sem a remoção completa das mamas utilizaremos as técnicas de Mamoplastia, retalhos locais ou à distância para um remodelamento da mama previamente doente, com ou sem abordagem da mama contralateral, a mama sem doença, pra ajuste do tamanho e da simetria. Nas cirurgias com necessidade de remoção completa das mamas, ou seja, nas Mastectomias, temos um arsenal de próteses ou retalhos miocutâneos pras reconstruções totais da mama. A Oncoplastia também envolve ajustes finos como posição das cicatrizes, uso de gordura para melhoria do contorno e da forma das mamas, reconstruções de aréolas e mamilos através de tatuagens, dentre outras.
Viva Mais Viva Melhor – E como escolher a melhor técnica para cada paciente, doutora? Quais são os aspectos que são avaliados para esse tipo de procedimento?
Drª. Gabriela Arruda – Como eu disse é essencialmente um trabalho de artesão, a escolha depende de um estudo individualizado de cada caso clínico. Doenças de base a exemplo de hipertensão arterial, diabetes mellitus, obesidade, tabagismo, localização e tamanho do tumor, necessidade de retirada completa ou parcial da mama, possibilidade de preservação da pele, aréola e mamilo, assim como a presença ou ausência de radioterapia são alguns dos fatores avaliados.
Viva Mais Viva Melhor – A Cirurgia Oncoplástica, portanto, não pode ser feita em qualquer paciente?
Drª. Gabriela Arruda – Isso, não pode. Atualmente as nossas principais contraindicações são os tumores inflamatórios, um subtipo específico de câncer de mama e limitações clínicas das pacientes, doenças de base e mal controladas que acarretem um alto risco cirúrgico cardiovascular podem impedir a reconstrução mamária. Ressalto que alguns casos, restrições clínicas podem ser superadas com ajuste para cirurgia de menor complexidade, porém existem situações em que os riscos à saúde do paciente superam os benefícios e a reconstrução mamária deverá ser contraindicada.
Viva Mais Viva Melhor – E quais são as vantagens da Cirurgia Oncoplástica?
Drª. Gabriela Arruda – A Cirurgia Oncoplástica proporciona ganho na qualidade de vida das nossas sobreviventes do câncer de mama, pacientes mais felizes e seguras para aproveitar os muitos anos de vida que conquistaram após o tratamento da doença.
Viva Mais Viva Melhor – Quais os riscos dessa técnica, doutora?
Drª. Gabriela Arruda – Trata-se de um procedimento cirúrgico seguro e não isento de complicações e por isso é importante a discussão individualizada em cada caso clínico. Aumento do tempo cirúrgico, necrose de pele e aréola, trombose venosa, infecção em ferida operatória, assimetrias são algumas das complicações possíveis.
Viva Mais Viva Melhor – Doutora nós selecionamos uma dúvida através das nossas redes sociais que é a seguinte: Doutora, depois de uma Cirurgia Oncoplástica pode ser feita a radioterapia?
Drª. Gabriela Arruda – Sim, a radioterapia é uma parte importante do tratamento do câncer de mama, quando indicada a radioterapia pode e deve ser feita pelas pacientes submetidas à Cirurgia Oncoplástica.
Viva Mais Viva Melhor – Para finalizar então, o SUS, bem como os planos de saúde cobrem esta técnica, doutora?
Drª. Gabriela Arruda – Apesar da Lei 12.802, sancionada em 2013, garantir às mulheres que se submetem a mastectomia, ou seja, a retirada de uma ou das duas mamas, o direito de ter as suas mamas reconstruídas no mesmo ato cirúrgico, apenas 30% das nossas pacientes atendidas pelo o SUS têm acesso a esse direito, principalmente pela restrição do número de próteses disponíveis pelo o SUS e pela própria dificuldade de acesso a grandes centros com equipe médica qualificada para reconstrução. A batalha pela Lei que permite a simetrização, ou seja, a abordagem da mama contralateral para adquirir simetria com a mama operada devido ao câncer ainda está em andamento, mas existe um grande empenho da Sociedade Brasileira de Mastologia por mais essa vitória. Em relação a outros convênios devido à presença do diagnóstico oncológico temos conseguido algumas liberações, o que nos deixa muito felizes.
Viva Mais Viva Melhor – Ok, Doutora. Conversamos com a Dra. Gabriela Arruda, Especialista em Mastologia, muito Obrigado e até a próxima.