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Urologia

Tema: Cálculos renais

Por Dr. André Costa Matos

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Viva Mais Viva Melhor – Sintoma clássico da doença são as cólicas renais e costumam ser descritas como a pior dor que o paciente já teve na vida. Para esclarecer as dúvidas mais frequentes sobre o assunto, convidamos o doutor André Costa Matos, especialista em urologia.

Doutor, primeiramente explica para os nossos ouvintes como e porque se forma o cálculo renal.
Dr. André Costa Matos – Olha, Olga, os cálculos renais se formam devido a agregação de cristais de algumas substâncias excretadas na urina, como por exemplo o oxalato, cálcio, fosfato e o ácido úrico.

Viva Mais Viva Melhor – Qualquer pessoa pode desenvolver o cálculo renal, doutor? Crianças também podem desenvolver a doença?
Dr. André Costa Matos – A incidência de cálculo renal na população é por volta de 10% e, portanto, para desenvolver cálculo renal é preciso uma composição entre fatores ambientais e genéticos. Alguns indivíduos têm uma tendência maior do que outros.

Viva Mais Viva Melhor – Tem como saber que aquela dor insuportável pode ser sintoma de cálculo renal? Quais são as características da dor provocada pelo problema?
Dr. André Costa Matos – Normalmente a dor de cálculo renal ocorre quando ele obstrui a passagem de urina do rim para a bexiga e é caracterizada por uma dor muito intensa tipo cólica, ou seja, aquela dor que aperta e alivia, muitas vezes associada a náuseas e vômitos e sem posições de melhora, o indivíduo normalmente fica inquieto tentando achar alguma posição que melhore a dor.

Viva Mais Viva Melhor – Todo o cálculo renal provoca dor, doutor? Por que que o paciente sente essa dor assim tão forte?
Dr. André Costa Matos – Os cálculos renais que não estão obstruindo os rins normalmente não provocam dor. A dor é provocada justamente pela obstrução da passagem de urina do rim para a bexiga.

Viva Mais Viva Melhor – Além da dor podem existir também sintomas ligados ao cálculo renal, outro tipo de sintoma?
Dr. André Costa Matos – Sim, podem vir associados náuseas, vômitos, sangramento na urina, se tiver infecção, por exemplo, o paciente pode ter febre e mal-estar geral.

Viva Mais Viva Melhor – Como é que é feito o diagnóstico do cálculo presente nas vias urinárias, doutor?
Dr. André Costa Matos – O diagnóstico do cálculo nas vias urinárias é feito normalmente através de exames de imagem, como ultrassonografia ou tomografia de abdome.

Viva Mais Viva Melhor – Se não tratado o cálculo renal pode gerar complicações mais graves? Qual que é a importância de se procurar um especialista para avaliação após um episódio de cólica renal suspeito?
Dr. André Costa Matos – Sim. O cálculo obstrutivo, Olga, pode levar a perda da função renal e/ou infecções potencialmente graves, por isso é importante o paciente procurar o urologista quando tiver suspeita de cólica renal para avaliar o tamanho e a localização do cálculo, se existem outras pedras associadas àquela que está causando os sintomas e mesmo na melhora espontânea da dor ter certeza de que o cálculo foi eliminado.

Viva Mais Viva Melhor – O tratamento é feito através de cirurgia ou existem medicações para ajudar a dissolver estes cálculos?
Dr. André Costa Matos – Depende do tamanho e da localização do cálculo. Os cálculos pequenos normalmente são tratados clinicamente, ou seja, sem a necessidade de cirurgia. Os maiores vão necessitar de algum procedimento, a maioria deles, felizmente, endoscópicos e minimamente invasivos, ou seja, sem cortes. Quando o cálculo é de ácido úrico, por exemplo, existe até a possibilidade de dissolvê-lo usando medicação.

Viva Mais Viva Melhor – Em termos de tratamento, quais são as opções disponíveis para o tratamento do cálculo renal?
Dr. André Costa Matos – Para cálculos pequenos, normalmente localizados nos rins, temos a Litotripsia Extracorpórea. É um procedimento em que um aparelho emite ondas mecânicas através da pele, estas ondas são conduzidas pelos tecidos do corpo e concentram-se no cálculo, acarretando sua fragmentação. Existe também a possibilidade de tratamento endoscópico dos cálculos através da Ureterolitotripsia, procedimento em que o médico introduz um aparelho de endoscopia muito fininho através das vias urinárias, podendo tratar cálculos desde a bexiga até os rins de uma maneira minimamente invasiva. Um outro procedimento reservado para cálculos muito grandes, que são normalmente maiores do que 2 a 3 cm, é a Nefrolitotripsia Percutânea, em que é feito uma comunicação entre a pele até a região das costas até o rim. O urologista então introduz um tubo como se fosse um canudo mais grosso por onde se passa um aparelho para quebrar os cálculos. E, por fim, temos também para cálculos grandes e em situações em que esta tecnologia não está disponível, realizamos a cirurgia aberta, onde um corte é feito na região lombar e o rim é aberto e os cálculos são retirados.

Viva Mais Viva Melhor – Doutor, qual a importância da ingestão de líquidos no caso das cólicas renais? Tem como mensurar a quantidade de litros que são recomendados por dia para cada pessoa?
Dr. André Costa Matos – Isso é muito importante. Durante a cólica renal deve-se ingerir líquidos com moderação, pois como o rim está obstruído o aumento da produção de urina pode até piorar a dor. Na verdade, o aumento da ingestão de líquido é recomendado para se evitar a formação de cálculos, assim as pessoas com esta tendência devem ingerir mais de 2 litros por dia.

Viva Mais Viva Melhor – Para finalizar, portanto, tem como se prevenir, ou seja, evitar a formação de novos cálculos? Que tipo de intervenção pode ser feita na dieta, doutor? 
Dr. André Costa Matos – Sim. Recomenda-se para todos os pacientes formadores de cálculos um aumento da ingestão de líquidos. O ideal é que a pessoa urine 2 litros por dia. Como ninguém vai ficar medindo a quantidade de xixi que faz, a dica é avaliar a cor da urina que deve estar sempre incolor, ou seja, da cor da água. Também é importante reduzir a ingestão de sal e evitar excesso de proteína.

Viva Mais Viva Melhor – Ok. Conversamos com o doutor André Costa Matos, especialista em urologia. Doutor, muito obrigada e até a próxima.