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Cardiologia

Vídeo Completo – Série Dislipidemia

Viva Mais Viva Melhor – O que é dislipidemia?
Dra. Maristela Magnavita – Dislipidemia significa alterações nas lipidas sanguíneas, ou seja, nas gorduras do sangue. Especialmente nas taxas de colesterol e suas frações e de triglicérides. As principais frações do colesterol são: LDL colesterol (lipoproteína de baixa densidade), que é considerada como sendo colesterol ruim porque está associado com o desenvolvimento da aterosclerose; e HDL colesterol (lipoproteína de alta densidade) considerada colesterol bom, já que tem ação protetora no sistema arterial. A análise é feita através de exame laboratorial. São várias as formas de apresentações das dislipidemias. Por exemplo, quando estas lipidas estão alteradas conjuntamente, o LDL alto, HDL baixo e triglicérides alto, neste caso é dá-se o nome de dislipidemia mista com HDL baixo, mas também podem ser alterações isoladas com apenas o LDL alto ou apenas triglicérides alto.

Viva Mais Viva Melhor – Para que serve o colesterol no organismo?
Dra. Maristela Magnavita – A maior parte do colesterol presente no corpo é sintetizada pelo próprio organismo, especialmente no fígado, e naturalmente tem ações no organismo. O colesterol, além de integrar a membrana celular, também é um reagente necessário na síntese de alguns hormônios e vitaminas e participa na fabricação da bile.

Viva Mais Viva Melhor – Dislipidemia traz risco a saúde?
Dra. Maristela Magnavita – Comprovadamente dislipidemia é um dos principais fatores de risco cardiovascular. Sabe-se que a dislipidemia relaciona-se com o risco aumentado para infarto e acidente vascular cerebral, especialmente em situações nas quais ela aparece junto com outros fatores de risco como a hipertensão arterial, diabetes e tabagismo. Este risco se torna ainda maior. Por esta razão que numa avaliação cardiológica sempre se faz uma estratificação de risco cardiovascular individual, onde se leva em conta todos estes fatores e ainda outros também importantes como história familiar e idade. A partir daí estratégias de tratamento são traçadas conforme a classificação de risco do paciente.

Viva Mais Viva Melhor – Dislipidemia apresenta sintomas?
Dra. Maristela Magnavita – O portador de dislipidemia evolui sem sintomas. Pode, entretanto, em consequência da dislipidemia e de outros fatores associados, de forma progressiva e gradual, ocorrer a instalação da aterosclerose e em consequência da obstrução das artérias coronárias, surgirem os sintomas relacionados a isquemia miocárdica, que é a deficiência na circulação no músculo cardíaco. Os sintomas seriam dor no peito, sudorese e falta de ar. Da mesma forma, quando isso ocorre na circulação cerebral, os sintomas são relacionados a isquemia deste território e podem ser tonturas, alterações visuais, dormência, dentre outros.

Viva Mais Viva Melhor – Como é o tratamento da dislipidemia?
Dra. Maristela Magnavita – A primeira recomendação no tratamento da dislipidemia, e que serve para todos os pacientes, é o que chamamos de mudança de estilo de vida. Nem todos os pacientes necessitarão de medicação, mas seguramente todos deverão procurar trocar alguns hábitos prejudiciais por outros mais saudáveis. Portanto, perder peso, praticar atividade física, parar de fumar, reduzir o consumo de álcool e seguir as recomendações dietéticas são importantes medidas para reduzir a dislipidemia. Em linhas gerais, recomendamos evitar frituras, manteiga e margarinas, gordura de porco e óleo de coco, também evitar embutidos como as salsichas, vísceras, além de bolos e sorvetes. Deve-se preferir alimentos grelhados e cozidos ou no vapor. Leite e iogurte devem ser desnatados, os queijos brancos e preferir peixes e frangos sem pele, incluir frutas e verduras. Grãos integrais devem fazer parte do cardápio.

Viva Mais Viva Melhor – E os vídeos que circulam na internet dizendo que o colesterol alto não é fator de risco para o infarto?
Dra. Maristela Magnavita – A Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) já se manifestou alertando a população que tenha cuidado com notícias sem embasamento científico, pois isso pode levar pessoas a se descuidarem no tratamento da dislipidemia, ou seja, se descuidarem com o maior fator de risco para o infarto, um dos mais importantes para o AVC (acidente vascular cerebral). Em caso de dúvidas o certo é o paciente procurar seu cardiologista para esclarecimento e evitar se influenciar e não suspender por conta própria a medicação que foi prescrita.

Viva Mais Viva Melhor – As medicações para a dislipidemia podem trazer efeitos colaterais?
Dra. Maristela Magnavita – Os efeitos colaterais são raros no tratamento medicamentoso para a dislipidemia. Entretanto, eles podem se manifestar dependendo especialmente de fatores individuais. Entre eles a dor muscular é o mais comum. Ela pode surgir em semanas ou até anos após o início do tratamento. Por isso é importante manter o acompanhamento. Além disso o acompanhamento clínico justifica-se para o monitoramento dos resultados terapêuticos e também checagem de eventuais alterações nas enzimas do fígado e da glicemia. O tratamento é seguro, mas, como todo esquema medicamentoso, deve ser alvo de avaliações cuidadosas rotineiras.