Notícias Viva Mais
Hepatologia PUBLICADO EM 11/04/2019Uso irracional ou excessivo de remédios, chás e suplementos podem provocar hepatite
“Automedicação deve ser evitada”, adverte especialista
Participação do médico especialista em Hepatologia e Gastroenterologia, Dr. André Lyra

Pouca gente sabe ou se atenta para o fato de que o consumo inadequado de drogas, fitoterápicos, chás, medicamentos ou suplementos alimentares pode causar a hepatite medicamentosa, inflamação do fígado que pode variar quanto a sua gravidade, manifestando-se desde sua forma assintomática até os casos de insuficiência hepática ou cirrose. Os sintomas mais comuns são náuseas e vômitos, febre, dor abdominal e icterícia. Nos casos mais simples, a suspensão da medicação ou do suplemento pode ser suficiente, mas nos mais graves são necessárias medicações específicas para tratar o problema.
O acometimento do fígado por meio do uso irracional de medicamentos ocorre porque a maioria das drogas ingeridas por via oral é lipossolúvel, sendo o fígado o principal responsável por sua metabolização. Produtos naturais, como fitoterápicos, também podem causar lesão das células hepáticas. Por isso, é importante informar-se sobre a dosagem recomendada para cada tipo de planta medicinal. O principal fator agravante dos casos de hepatite devido a consumo de produtos naturais se dá pela crença de que por serem naturais não apresentam toxicidade, sendo eles, ainda, um causador difícil de se comprovar, visto que é grande a ocorrência de automedicação e o uso de plantas medicinais raramente é referido quando o indivíduo apresenta-se ao serviço de saúde.
Outro fator determinante na hepatite medicamentosa é a automedicação. Algumas medicações podem provocar danos ao fígado, inclusive analgésicos e anti-inflamatórios habitualmente comprados nas farmácias e drogarias sem prescrição médica. De acordo com o médico especialista em Hepatologia e Gastroenterologia, Dr. André Lyra, “mais de mil medicamentos e produtos fitoterápicos foram elencados no desenvolvimento da lesão hepática induzida por drogas e a lista continua a crescer. Teoricamente, qualquer medicamento pode levar à hepatite medicamentosa, embora se saiba que alguns medicamentos têm mais chances do que outros de provocar essa alteração”, frisou.
O médico destacou, ainda, que usar anabolizantes é um comportamento de grande risco para o surgimento de hepatite medicamentosa. “Em algumas ocasiões, a utilização dessas substâncias pode levar o paciente a um transplante de fígado ou até mesmo à morte”, pontuou.
O principal tratamento para a hepatite medicamentosa é muito simples e corresponde à suspensão do medicamento ou composto, assim que houver a suspeita diagnóstica. O fígado é capaz de se recuperar espontaneamente com esta medida. Em casos mais graves, é necessário tratar as consequências da inflamação do órgão.
É imprescindível que se evite a automedicação, tanto de medicamentos, quanto de produtos fitoterápicos e suplementos alimentares. Toda medicação deve ser prescrita por um médico, mediante diagnóstico e avaliação do quadro, a fim de se saber qual é o melhor tratamento e qual a medida que menos sobrecarregará o fígado, assim como o uso de suplementos alimentares só deverá ocorrer caso seja prescrito por nutricionista ou médico, pois são estes os profissionais capacitados para determinar se existe ou não a necessidade de suplementação e avaliar os prós e os contras da utilização deles de acordo com a individualidade de cada um.
“A automedicação, ou seja, consumir remédios por conta própria, sem orientação médica, poderá proporcionar efeitos colaterais indesejáveis e desnecessários, que podem ser graves. Um desses efeitos é a Hepatite Medicamentosa que, portanto, em muitos casos, pode ser evitada”, concluiu Dr. André Lyra.