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Neurociência PUBLICADO EM 20/01/2016Pesquisadores desenvolvem sensor de cérebro sem fios e solúvel
Função seria monitorar a pressão do cérebro para evitar novas lesões cerebrais
Nos EUA, a cada ano, cerca de 50 mil pessoas morrem de traumatismo cranioencefálico (TCE). De acordo com os Centros para Controle e Prevenção de Doenças (CDC), a doença é causada por golpes ou batidas na cabeça que perturbam a função normal do cérebro. Embora nem todas as pancadas na cabeça resultem em um TCE, o mesmo pode variar de leve a grave, incluindo um período prolongado de inconsciência ou amnésia após a lesão.
Quando um paciente sustenta uma lesão cerebral traumática, os médicos devem monitorar a pressão sobre o cérebro tanto dentro como fora do crânio para evitar mais lesões cerebrais. Embora existam atualmente monitores que fazem muito bem o trabalho, eles são grandes e pesados. Por isso, investigadores da Escola de Medicina da Universidade Washington em St. Louis, MO, e da Universidade de Illinois em Urbana-Champaign, desenvolveram um sensor de cérebro sem fios que, em última análise é absorvida pelo corpo, eliminando a necessidade de cirurgia de remoção. Os resultados foram publicados na revista Nature.
Quando um paciente é admitido no hospital com um TCE, os médicos usam dispositivos baseados na tecnologia da década de 1980. De acordo com Dr. Rory KJ Murphy, um dos autores do estudo, “eles são grandes, de difícil controle e têm fios que se conectam a monitores na unidade de terapia intensiva”, diz ele. “Eles dão leituras precisas e ajudam, mas há maneiras de torná-los melhor.”
A equipe diz que seus implantes poderiam ser utilizados para monitorar pacientes com TCE, mas sensores semelhantes podem ser utilizados para monitorizar a atividade do órgão no resto do corpo. Embora as aplicações biomédicas de dispositivos eletrônicos estejam avançando, Dr. Murphy observa que “um grande obstáculo tem sido que os implantes no corpo desencadearem uma resposta imune”, causando problemas para os pacientes. Para contornar esse problema, a equipe trabalhou em conjunto para desenvolver dispositivos feitos de polilático-co-glicólico (PLGA) e silicone, que podem transmitir a pressão, a temperatura e outras informações com precisão.
A equipe testou pela primeira vez os sensores em banhos de solução salina, o que fez com que eles se dissolvessem em poucos dias. O próximo passo foi testar os dispositivos no cérebro de ratos de laboratório. Depois de testes bem sucedidos, em que a equipe demonstrou que os sensores são precisos e totalmente solúveis nos cérebros de ratos, os pesquisadores agora planejam testar seus sensores em pacientes humanos.
Os pesquisadores concluem:
“A estratégia final é ter um dispositivo que você pode colocar no cérebro – ou em outros órgãos do corpo – que está totalmente implantado, intimamente ligado com o órgão que deseja monitorar e podem transmitir sinais sem fios para fornecer informações sobre a saúde daquele órgão, permitindo que os médicos intercedam, se necessário, para evitar problemas maiores, e então, após o período crítico que você realmente deseja monitorar, ele vão se dissolver e desaparecer”.