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Ortopedia e Traumatologia PUBLICADO EM 30/07/2019Arthur Nory descobriu condromalácia patelar dois meses antes do Pan Americano
Tratamento envolve grandes mudanças no hábito de vida do atleta
Participação do Ortopedista Dr. Gustavo Azi
O ano do ginasta Arthur Nory começou com muita dor no joelho esquerdo. Depois de terminar a temporada em dezembro de 2018, sofreu com o que acreditava ser uma lesão no local. Só cinco meses depois, no entanto, o medalhista olímpico descobriu que tinha condromalácia, um desgaste na cartilagem do joelho. Conforme vai seguindo com sua rotina de treinos ou mesmo de sua vida fora dos ginásios, o ginasta vai desgastando a cartilagem, o que causa inflamação. Vêm daí as dores. Sem ser detectada como uma lesão nos exames realizados, os meses até a descoberta dessa condição causaram grande perda de força do lado esquerdo, prejudicando seu desempenho.
Ele tomou conhecimento desse quadro a dois meses dos Jogos Pan-Americanos de Lima. Agora, com o Mundial de Ginástica, que dá vaga na Olimpíada de Tóquio (outubro), a dor constante pode interferir no desempenho do atleta. “Não tem cura. Há dois meses descobriram o problema na cartilagem, chegava numa angulação em que eu perdia a força e descobriram o que era. A cartilagem não se regenera. Tem métodos para ajudar e aliviar em fortalecimento, fica bastante inchado, mas está sendo tratado.. Tem que fazer gelo depois do treino. Precisa de muito fortalecimento, não pode parar de fazer força. Sempre consciente e com a ajuda da equipe”, contou o ginasta.
Segundo o ortopedista Dr. Gustavo Azi, o tratamento da condromalácia envolve grandes mudanças no hábito de vida de quem tem o problema. “Depende muito mais do paciente do que do médico, pois o paciente precisa reequilibrar a musculatura que causou a condromalácia patelar e, para isso, é preciso se enquadrar numa atividade física bem-feita, além de mudar posturas viciosas”, diz. “Quem tem condromalácia, deve evitar permanecer muito tempo com os joelhos dobrados a mais de 90 graus e precisa intensificar, durante a atividade física, os alongamentos das musculaturas posteriores da coxa e panturrilha”, acrescenta o especialista.
Além disso, o médico recomenda a utilização de gelo na fase aguda (logo depois de uma atividade física, por exemplo), mas afirma que, nos casos crônicos, a utilização do calor também dá uma sensação de conforto muito grande. “Lembrando que este é um tratamento paliativo, os meios físicos ajudam no tratamento da dor, mas não vão tratar de fato a condromalácia patelar. O tratamento é basicamente a orientação de atividade física”, destaca Gustavo Azi.
Informações adicionais – De acordo com o médico, qualquer pessoa, não só atletas, pode desenvolver a condromalácia. “A gente costuma dizer que a causa desse desequilíbrio pode ser ou uma atividade física malfeita ou atividade física em excesso ou a falta de atividade física. Tudo isso pode gerar um desequilíbrio muscular que aumenta a pressão da rótula contra o fêmur, gerando a condromalácia patelar”, explicou.
Os principais sintomas são dor (nem sempre muito forte, pode ser apenas um incômodo), sensação de pressão aumentada dentro do joelho e crepitação (estalidos). O diagnóstico é feito através do exame físico, verificação da história do paciente de uma maneira bem detalhada e por meio da ressonância nuclear magnética, que é o exame que fecha o diagnóstico final.
O tratamento inclui alongamento e fortalecimento da musculatura da coxa, a fim de melhorar o movimento do joelho, mas para ter um equilíbrio no movimento da patela durante a flexo-extensão do joelho, é necessário dar ênfase também à musculatura lombar, abdominal, do quadril, da coxa e da panturrilha. Além disso, dependendo da atividade física desempenhada pelo paciente, é necessário realizar exercícios de equilíbrio (propriocepção) e saltos (pliometria) para melhorar a ativação e o equilíbrio entre os diversos grupos musculares.