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Neurologia PUBLICADO EM 16/06/2016Você sabe o que é a Síndrome de Tourette?
Condição complexa, pode ser tanto física como socialmente incapacitante
O nome Síndrome de Tourette (ST) te soa como um palavrão? Embora isso possa ser verdade, em alguns casos, nada mais é do que uma condição neurológica, um distúrbio neuropsiquiátrico. Descrita pela primeira vez pelo neurologista francês, Dr. Georges Gilles de la Tourette, em 1885, a síndrome de Tourette é uma desordem neurológica caracterizada por “tiques” súbitos, involuntários, e contrações repetitivas, com movimentos ou sons.
“A realidade é que a síndrome de Tourette é uma condição complexa que pode ser tanto física como socialmente incapacitante”, descreveu Jessica Thom, cofundadora da Touretteshero, blog que tem como objetivo ‘celebrar o humor e a criatividade de Tourette’.
Proferir, involuntariamente, palavras obscenas ou fazer comentários geralmente considerados socialmente depreciativos (Coprolalia) só ocorre em cerca de 15% dos indivíduos com a síndrome de Tourette, porém, é percebido como um dos principais sintomas da condição. É este equívoco, entre uma série de outros, que tem alimentado um estereótipo de pessoas com a ST.
Existem dois tipos de tiques que ocorrem com a ST:
– Tique motor: movimentos involuntários do corpo, tais como piscar, encolher os ombros ou mexer os braços;
– Tique vocal: sons involuntários, como zumbido, limpar a garganta, ou gritar uma palavra ou frase.
A maioria das pessoas com a ST tem “tiques simples” (breves movimentos repetitivos, que envolvem menos grupos musculares):
– Tiques motores simples incluem piscar de olho ou fazer caretas;
– Tiques vocais simples podem incluir fungar repetitivo, grunhindo ou pigarro.
Os “tiques complexos” são aqueles que afetam uma ampla gama de grupos musculares:
– Tiques motores complexos pode envolver uma combinação de caretas, torção de cabeça e encolher de ombros;
– Tiques complexos vocais incluem palavras ou frases.
Os sintomas da ST mais comuns surgem na infância, entre 5-10 anos e a condição é três a cinco vezes mais comum entre meninos do que meninas. Não está claro o que causa a ST, embora estudos tenham sugerido que a condição surja de anormalidades nos gânglios basais do cérebro, região envolvida na coordenação do movimento. Os pesquisadores também têm indicado que a ST possa ter uma causa genética; estudos descobriram que certas mutações genéticas, como os do gene SLITRK1, são mais comuns em pessoas com a condição.
Outro equívoco comum é que as pessoas com a ST podem controlar seus tiques se tentarem; Este não é o caso. O Instituto Nacional de Distúrbios Neurológicos e Derrame (NINDS) – faz parte dos Institutos Nacionais de Saúde (NIH) – nota que, embora alguns indivíduos com o distúrbio possam ser capazes de suprimir temporariamente seus tiques, muitos relatam uma tensão severa acumulada ao tentar se controlar, o que pode causar tiques involuntários mais greves. Para a maioria dos pacientes com a ST, tiques não interferem no seu dia-a-dia. No entanto, para outros, podem prejudicar o funcionamento, causar estresse ou interferir nas atividades escolares, no trabalho ou na vida social. Nestes casos, existem medicamentos e terapias comportamentais que podem ajudar.
“Quando meu filho foi diagnosticado com a síndrome de Tourette, a primeira coisa que pensei foi: ‘Mas porque ele não xinga?’ Essa foi a maneira que eu tinha estigmatizado, por causa de cenas que eu tinha visto em filmes ou programas de TV”, revela Susan Breakie, líder da Tourette Syndrome Association of Delaware.
A fim de reduzir o estigma associado à ST, o público precisa ser mais bem informado sobre a condição. Esta é uma opinião defendida por profissionais de saúde e pacientes, razão pela qual foi escolhido o período da consciência de Tourette nos Estados Unidos – que ocorre entre 15 maio e 15 junho. A campanha, liderada pela Associação Tourette da América, visa sensibilizar e aumentar a educação sobre a condição, embora muito trabalho seja necessário para alcançar uma melhor compreensão dessa condição ainda mal interpretada.