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Ginecologia e Obstetrícia PUBLICADO EM 15/03/2016

Falta de células-tronco pode estar associada a abortos repetitivos

Pesquisadores estudaram amostras de tecido do útero de 183 mulheres

Participação do Dr. Manoel Sarno, médico especialista em medicina fetal

Falta de células-tronco pode estar associada a abortos repetitivos

O aborto é a causa mais comum de perda durante a gravidez, afeta 15-25% das gestantes. Ocorre geralmente nas primeiras 12 semanas de gestação. A falta de células-tronco no revestimento do útero pode ser a razão por trás de milhares de abortos, diz pesquisa publicada na revista Stem Cells, que poderiam oferecer uma nova esperança de tratamento para mulheres que tem abortos consecutivos. Das mulheres que estão tentando engravidar, 1% vai ter abortos repetitivos, a perda de três ou mais gestações consecutivas. Muitos fatores de risco estão ligados ao aborto de repetição, mas os cientistas ainda não compreenderam plenamente as causas subjacentes.

Pesquisadores da Universidade de Warwick, no Reino Unido, liderada por Jan Brosens, professor de obstetrícia e ginecologia, estudaram amostras de tecido do revestimento do útero de 183 mulheres. Culturas de biópsias do ventre revelaram que não havia nenhuma assinatura epigenética indicando a presença de células-tronco, e havia menos células-tronco geral nas mulheres que tinham passado por abortos recorrentes, em comparação com um grupo controle.

A equipe conclui que a falta de células-tronco, levando ao envelhecimento acelerado do revestimento do útero, seria a causa do fracasso de algumas gestações. Prof. Brosens explica:
“Depois que um embrião foi implantado, o revestimento do útero desenvolve-se em uma estrutura especializada chamada decídua, e este processo pode ser replicado quando as células do útero são cultivadas em laboratório. As células cultivadas a partir de mulheres que tiveram três ou mais abortos consecutivos mostrou que as células de envelhecimento no interior do útero não têm a capacidade de preparar adequadamente para a gravidez”.

Existe uma necessidade para novos testes endometriais para melhorar o rastreio de mulheres que estão em risco de aborto recorrente. Este procedimento envolve superficialmente riscar o revestimento do útero, e já é usado com a fertilização in vitro (FIV). Os pesquisadores acreditam que isso pode ajudar a aumentar o número de células-tronco no revestimento do útero.

Em tempo, Dr. Manoel Sarno, médico ginecologista e especialista em medicina fetal, revela como é possível tratar o aborto de repetição:

“O tratamento para o aborto espontâneo de repetição tem que ser multifatorial, já que existem vários fatores de risco. É preciso identificá-los e tratar especificamente cada um deles. Pode-se tratar com hormônio, por exemplo, com progesterona; Pode-se compensar um diabetes que não estava compensado previamente; Compensar uma função tireoidiana, um hipotireoidismo ou hipertireoidismo, para que esta mulher tenha uma gestação mais tranquila; Existem alguns tratamentos específicos com anticoagulantes, por exemplo, que vão diminuir a possibilidade de formação de coágulos no sangue; Existem também alterações imunológicas em que se pode usar imunossupressores, como o corticoide por exemplo; Ou, também, pode-se utilizar tratamentos imunológicos com imunoglobulina humana venosa ou até concentrados de leucócitos paternos”, conclui. 

 

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