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Nefrologia PUBLICADO EM 18/01/2016Uso contínuo de Omeprazol está associado à doença renal crônica
Ingerir IBPs continuamente poderia prejudicar o funcionamento dos rins
Os IBPs (inibidores da bomba de prótons) estão entre os medicamentos mais consumidos em todo o mundo. Eles são usados para aliviar os sintomas da doença do refluxo gastroesofágico (DRGE), para o tratamento de úlceras pépticas e danos à parte inferior do esôfago causadas pelo refluxo ácido. Eles não são os mesmos que os antiácidos, os quais atuam por neutralização do ácido em excesso após a sua entrada no estômago.
Um novo estudo conduzido pela Universidade Johns Hopkins em Baltimore, EUA, e publicado no JAMA Internal Medicine, conclui que ingerir uma classe de fármacos, normalmente utilizados para reduzir a acidez no estômago, está associado a um risco mais elevado de desenvolver doença renal crônica, em comparação com não tomá-los. Os autores apontam que encontraram uma ligação entre o uso de IBPs – da qual faz parte o omeprazol, pantoprazol e o esomeprazol – e a doença renal crônica. Estudos anteriores ligaram o consumo de IBPs a uma forma de inflamação dos rins, a nefrite intersticial aguda.
Em um artigo editorial onde se resume a evidência recente sobre os efeitos adversos em tomar IBPs, os doutores Adam Schoenfeld Jacob e Deborah Grad, da Universidade da Califórnia, San Francisco, notaram que “um grande número de pacientes estão tomando IBPs sem nenhum motivo aparente”, como para amenizar sintomas de dispepsia (popularmente conhecido como indigestão) ou azia.
Para o estudo em questão, foram analisados dados de 10.482 participantes acompanhados por uma média de quase 14 anos no Atherosclerosis Risk in Communities (ARIC). Os pesquisadores concluem que “os resultados do estudo sugerem que até 70% dessas prescrições são sem indicação e que 25% dos usuários IBPs a longo prazo poderiam interromper o tratamento sem desenvolver os sintomas”.
Comentando sobre as suas próprias conclusões, os autores enfatizam o ponto que o estudo “é observacional e não fornece evidências de causalidade”, mas que se for provada a causalidade da ligação entre o uso de IBPs e a doença renal crônica, esta teria implicações importantes para a saúde pública, dada a utilização generalizada das drogas.