Nossas Entrevistas
Otorrinolaringologia
Tema: Tontura
Por Dra. Ana Maria Nogueira
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Viva Mais Viva Melhor – Quem já não passou pela desagradável experiência de sentir uma tontura, uma vertigem ou mesmo uma indisposição passageira? Normalmente não damos muita importância ao fato, mas nem sempre sintomas como vertigem e tontura são resultado de um mal-estar momentâneo. Eles podem ser alertas para doenças mais graves e merecem investigação. Para conversar conosco sobre o assunto convidamos a doutora Ana Maria Moinhos, especialista em otorrinolaringologia e otoneurologia.
Doutora, vamos explicar primeiramente o quê que é tontura e o que é vertigem. Elas são consideradas doenças ou sintomas?
Dra. Ana Maria Moinhos – Bom Olga, a tontura é uma sensação de desequilíbrio corporal que pode se manifestar de várias formas, como a sensação de que o mundo está girando, afundamento, mareio. E a vertigem, quando nós falamos de vertigem é um tipo específico de tontura. É a tontura em que você acha que está girando ou que os objetos estão girando ao seu redor. Sim, elas são consideradas como sintomas. Elas não são a doença. A tontura representa um sinal de que alguma coisa não vai bem no seu organismo.
Viva Mais Viva Melhor – O que ocorre com o organismo na hora da tontura, doutora? De onde ela aparece?
Dra. Ana Maria Moinhos – Nós temos o labirinto simétrico, as pernas são simétricas, tudo no nosso corpo corresponde a uma simetria. Mas acontece que os labirintos captam informação do meio externo e encaminham ao cérebro e este cérebro então traduz as informações e manda de volta para o nosso corpo para que nos movimentemos de modo a ficarmos sempre equilibrados. O que pode acontecer quando a gente sente tontura é uma assimetria destas informações que chegam ao cérebro. E acontecendo a tontura o indivíduo pode sentir uma sensação de flutuação, um desvio corporal ao caminhar, sensação de afundamento, sensação de desmaio, sensação de cabeça oca, às vezes sudorese, muitas náuseas, chegando até a vômito e taquicardia.
Viva Mais Viva Melhor – Doutora, quais são as doenças mais comuns associadas a tontura?
Dra. Ana Maria Moinhos – Geralmente distúrbios do metabolismo do carboidrato como a hiperglicemia ou a hipoglicemia, uso de certos medicamentos também podem causar a tontura, porque eles de qualquer forma influem no funcionamento e são tóxicos ao labirinto, anemias, problemas cervicais, o pescoço é muito importante no mecanismo do nosso equilíbrio, uma migrânea vestibular ou enxaqueca também pode causar, uma hiper ou hipotensão, diabetes, uma hiper ou hipotireoidismo e arritmias, dentre outros.
Viva Mais Viva Melhor – E quais são as causas mais graves da tontura, doutora Ana?
Dra. Ana Maria Moinhos – Geralmente são as tonturas de origem central, ou seja, tumores do sistema nervoso central, as isquemias, problemas vasculares, AVC (acidente vascular cerebral). Estas são as causas mais graves, são as tonturas de origem central.
Viva Mais Viva Melhor – E como diferenciar a tontura que preocupa daquela tontura comum onde a pessoa sente porque se alimentou mal, por exemplo?
Dra. Ana Maria Moinhos – O médico já tem o refinamento para poder olhar isso. Quando o paciente já entra no nosso consultório com queixa de tontura, o próprio andar dele, geralmente ele apresenta alterações da marcha assimétrica e movimento dos membros inferiores também. Os movimentos não são simétricos. A pessoa normal tem que andar simetricamente. Quando existe essa assimetria no andar, no caminhar, isso que significa uma tontura mais preocupante. Também a tontura associada a dormência em um dos membros, à paralisia de um dos membros ou dos movimentos oculares, às vezes assimetria dos batimentos dos olhos, desequilíbrios episódicos de aparecimento agudo, ou seja, você está bem e de repente você fica tonto e cai, perde a consciência. Isso pode ser grave, mas claro, temos que investigar.
Viva Mais Viva Melhor – E as recomendações, doutora, quais são as recomendações para pacientes que têm tonturas com frequência, eles podem dirigir?
Dra. Ana Maria Moinhos – O recomendável é que não dirija, porque o paciente com tontura ele tem um distúrbio do equilíbrio corporal e o ato de dirigir bota em risco toda a vida das pessoas, dos transeuntes e outros carros que estão ao nosso redor e também de acontecer uma batida ou alguma coisa, acidentes mais graves que levam ao risco de vida. Estes pacientes que têm tontura devem fazer uma hidratação oral rigorosa, diariamente, de no mínimo 2 litros de água por dia, se alimentar regularmente de 3 em 3 horas. Evitar alimentos estimulantes do labirinto, como café, refrigerante, chocolate, chá verde, guaraná em pó, energéticos em geral, excesso de gorduras, frituras e excesso de açúcar.
Viva Mais Viva Melhor – Algumas pessoas ficam tontas dentro de carros em movimento ou mesmo quando começam a ler durante uma viagem. Por que que isso ocorre?
Dra. Ana Maria Moinhos – Geralmente essa é uma síndrome. Essa síndrome é chamada de cinetose, que é uma síndrome caracterizada por tontura, palidez, sudorese, salivação, bocejos, náuseas, vômitos e mal-estar generalizado. Essa síndrome chamada cinetose é originada pela estimulação excessiva do sistema vestibular e também por conflito de informação entre estas informações. Por exemplo, se a gente está no carro e a gente tenta ler, você já tentou ler no carro? Tem tantas pessoas que sentem tontura, porque os olhos mandam para o cérebro a informação de que nós estamos parados, ou seja, o papel está ali parado, enquanto que o seu labirinto está captando informações dos sensores externos vai informar ao cérebro que estamos em movimento que é o movimento do carro. Se há qualquer assimetria de informações que chegam ao cérebro isso vai originar tontura. Tem pessoas que têm mais facilidade de ter esta tontura ou esta síndrome do que outras.
Viva Mais Viva Melhor – Bom, doutora, quando é que o paciente deve procurar um médico? Somente quando sentir a tontura ou tem outro indício?
Dra. Ana Maria Moinhos – Não, quando sentir a tontura é um dos indícios de procurar o médico. Qualquer alteração, as vezes ele tem uma alteração na marcha e não tem tontura. As vezes ele nota que um dos olhos está tendo movimentos diferentes do outro e é necessário que ele procure um médico. Quando sentir tontura ele deve procurar o médico o mais breve possível para determinarmos a causa, já que a tontura é um sintoma de origem multifatorial. Ela pode ser causada por uma doença do labirinto, do cérebro, nos olhos, um distúrbio metabólico, uma hipertensão, uma anemia, dentre outras que já citamos anteriormente.
Viva Mais Viva Melhor – O consumo de bebida alcoólica ou algum tipo de medicamento também pode desencadear um processo de tontura, não é doutora? Por que que isso ocorre?
Dra. Ana Maria Moinhos – Pode sim. É porque alguns medicamentos, inclusive o álcool, são tóxicos para o sistema vestibular, para o labirinto. Um exemplo destas medicações são a Tobramicina, que é um antibiótico, Amicacina, que é muito usada em infecções urinárias, alguns quimioterápicos como a Cisplatina, Fenobarbital, Propranolol que é um anti-hipertensivo, a Metildopa que é um remédio para pressão, dentre outros. Um também que pode causar tontura é o cigarro, porque o cigarro tem um alto teor de alcatrão e o alcatrão estimula o labirinto, ele é tóxico para o labirinto.
Viva Mais Viva Melhor – Fatores do estilo de vida como estresse e atividade física sem orientação também podem causar tonturas?
Dra. Ana Maria Moinhos – Podem sim. Inclusive o estresse é um dos sintomas mais associados a tontura, por isso que devemos ter um estilo de vida o mais saudável possível. Porque o estresse faz com que o nosso organismo libere neurotransmissores que podem ser muito estimulantes para o labirinto e para o cérebro de um modo geral. As atividades físicas de maneira inadequada podem também alterar o tônus muscular, levando informações ao cérebro como consequências entrando em conflito com as informações encaminhadas do labirinto, que são os sensores do nosso ambiente.
Viva Mais Viva Melhor – Doutora, se não tratadas as tonturas podem gerar complicações, ou mesmo levar à morte?
Dra. Ana Maria Moinhos – Pode sim. Porque uma pessoa tonta pode continuar trabalhando em altura e dessas alturas elas podem cair e ter um acidente fatal, também pacientes com tumor cerebral, aneurisma, quedas em idosos. Idosos apresentam tontura devido a polifármaco, as vezes eles tomam muita medicação e todas estas medicações podem excitar ou inibir o labirinto. Então eles podem ter quedas e quedas que levam a repercussões gravíssimas.
Viva Mais Viva Melhor – Qual o especialista que o paciente deve procurar nestes casos de tontura, doutora?
Dra. Ana Maria Moinhos – Bom, o primeiro especialista que eles devem procurar é o otorrinolaringologista e eu vou explicar o porquê. 90% a 95% dos casos de tontura estão ligados ou associados ao labirinto. Então o otorrinolaringologista deve ser apto não só a diagnosticar a causa desta tontura, como também a ter um finesse de reconhecer quando o paciente apresenta uma tontura de origem central, como é aquela alteração da massa, como as vezes dificuldade em andar ou no batimento dos olhos, observar o paciente por um todo. Daí encaminha o mais breve possível ao neurologista. Graças a Deus a maioria das doenças das tonturas são raras serem mais graves.
Viva Mais Viva Melhor – Existe tratamento para a tontura, doutora? Que tipo de tratamento é mais eficiente?
Dra. Ana Maria Moinhos – Existe sim. Isso depende da causa. Porque se uma pessoa tem um problema no labirinto que é devido a uma alteração no colesterol então a gente vai passar a medicação, vai encaminhar para o cardiologista tratar adequadamente. Se é o estresse somente que está causando a tontura ou que está piorando o equilíbrio dele, então a gente encaminha para o psicólogo ou psiquiatra, os otorrinolaringologistas eles sempre atuam junto com o colega.
Viva Mais Viva Melhor – Bom, doutora, para finalizar, por tudo que aprendemos a partir das suas respostas é possível prevenir contra tonturas, não é? Portanto, quais são as suas considerações finais agora?
Dra. Ana Maria Moinhos – Todo o paciente que apresentar tontura deve procurar um especialista. Uma medida geral que nós devemos fazer para qualquer paciente, ainda mais para quem tem tontura é hidratação oral rigorosa, pelo menos 2 litros de água por dia, não comer excesso de açúcar, não comer excesso de gordura, de frituras, de alimentos estimulantes do labirinto. Não é que você não deva comer, mas que tem que ter a quantidade para que aquela quantidade não se torne tóxica, não só ao labirinto, mas a qualquer órgão do nosso corpo.
Viva Mais Viva Melhor – Doutora, muito obrigada. Conversamos com a doutora Ana Maria Moinhos, especialista em otorrinolaringologia e otoneurologia. Muito obrigada e até a próxima oportunidade.